quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Nosso pequeno Grande Portugal

Nos tempos que correm, é importante reforçar a confiança e os aspectos positivos que podemos encontrar em Portugal. O país anda deprimido desde 1143, gerando se um ambiente bastante cinzento e agoniante. É certo que D. Afonso Henriques bateu na sua mãe e ajudou a fundar uma nação, mas Portugal é muito mais do que um rectângulo à beira mar plantado, bafejado por um clima ameno e com pessoas afáveis. E venho falar acerca do potencial que o nosso país apresenta face aos seus adversários directos, nomeadamente às tragédias gregas, aos pastos irlandeses e aos maus ventos espanhóis. Sem antes deixar uma pequena crítica ao nosso país, como não poderia deixar de ser.

Em Portugal podemos encontrar pessoas com falta de sentido cívico e de estado. Não gostamos de mexer o rabo em dia de eleições, não votamos e não gostamos de pagar impostos. Mas quando é para criticar o governo que está eleito, estamos lá todos na primeira linha. Mas eu digo somente: só tem legitimidade para criticar quem exerce na plenitude todos os seus deveres cívicos. O povo esquece-se que em tempos foi impedido de expressar as suas opiniões e convicções, sendo abafado por um regime monárquico ou totalitarista. Hoje em dia, que vivemos em democracia, preferimos a inércia e nada como ser rasca, fazer manifestações na rua e colocar fotografias no Facebook através dos Iphones. Afinal, somos todos uns coitadinhos e muito pobres. E precários.
Outro mal que assisto em Portugal é a ignorância. E como ela me revolta. As pessoas são broncas, estúpidas e ignorantes, chegando ao ponto de desvirtuar a realidade. Quantas vezes já assisti a conversas sobre política, desporto, justiça, educação e juventude, onde as pessoas falam como soubessem a verdade absoluta, acabando por colocar os pés pelas mãos.
A falta de respeito e de brio profissional choca me. O português não gosta de cumprir horários, vai para o trabalho com vontade de matar o patrão ou de fazer sexo com a mulher dele, é calão, piegas e possuí um baixo nível de produtividade. As pessoas que trabalham no atendimento ao público, sobretudo nas repartições, bancos ou comércio são calhaus com olhos, que nem se dignam de dizer ‘bom dia’, ‘se faz favor’ ou ainda um afável ‘obrigado’. Mas felizmente, há excepções, e isso faz me acreditar que em Portugal ainda existem pessoas com brio e com gosto naquilo que fazem.
O português não sabe ser civilizado na estrada, deita lixo para o chão e se possível, faz puxadas de electricidade da casa do vizinho. Quem fala de electricidade, também pode falar na internet e na água. Faz barulho e incomoda os vizinhos de cima, de baixo e dos lados.
E para terminar esta maravilhosa listagem de críticas, abomino os portugueses que deixam tudo para a última hora. Pagar impostos, pagar as contas correntes, entregar trabalhos na escola, estudar antes dos testes ou fazer compras de Natal a 24 de Dezembro. A falta de organização será sempre um handicap com que os portugueses terão que lidar. A raça que descende de Viriato prefere a ‘desorganização organizada’. É como viver num quarto desarrumado. O seu aspecto é merdoso, mas sabemos que as cuecas e as calças estão por lá.

Depois disto tudo, as pessoas que leram as minhas palavras estarão a pensar neste momento que eu defendo a inclusão de Portugal no país vizinho. Penso que se chama Espanha. Pois bem, estão completamente erradas. Portugal apresenta um conjunto de factores competitivos que o diferenciam dos seus países congéneres. Somos bons no Turismo. Devíamos apostar mais neste sector, que todos os anos traz milhões de pessoas ao nosso país. Turismo de saúde, aproveitando as termas que possuímos um pouco espalhadas por todo o país. Turismo rural, fomentando o investimento em regiões mais remotas mas com um potencial de retorno financeiro elevado. Em vez de irmos para o estrangeiro, apostamos na prata da casa e vamos em busca de novas paisagens, sensações e de pessoas. Afinal de contas, Portugal não é só Algarve e Lisboa...
A nossa gastronomia é um factor de sucesso incomparável. Desde o vinho, passando pelo azeite, bacalhau, peixe fresco, qualidade das nossas carnes e a perdição da nossa doçaria. Neste aspecto, Portugal é bastante forte mas poderia ser melhor. Implementar uma política de turismo gastronómico, levando mais turistas às zonas de referência. Ver o mar e comer o peixe fresco da Ericeira, ir ao Porto comer uma francesinha e visitar Serralves ou ir a Sintra descobrir as paisagens recônditas da serra e saborear um travesseiro ou uma queijada de Sintra. Há tantos casos no nosso país onde podemos aliar a gastronomia ao turismo. Penso que ainda há um longo caminho a percorrer nesta área, mas estou optimista em relação ao futuro.  
Somos também um país com uma grande energia. Com muito sol, vento e ondas. Portugal poderia ser auto-suficiente em termos energéticos (excepto em termos petrolíferos), mas ainda estamos longe de atingir um patamar de sustentabilidade. Timidamente, vamos dando passos em direcção à energia eólica e solar, pois o investimento é elevado.

Devemos também apostar na agricultura, no sentido de reduzir o défice alimentar que o país apresenta. Os campos encontram se abandonados e sem ninguém para tratar deles. Depois chega o Verão e com ele, o calvário dos incêndios. Criando oportunidades de emprego neste sector, Portugal deixaria de importar quantidades megalómanas de legumes e de frutas provenientes de paragens tão distantes como o Chile, Argentina ou Nova Zelândia. A zona Oeste tem sido um exemplo disso, com um reforço da produção de bens alimentares, sendo ainda insuficiente para cobrir todas as necessidades do mercado. Não deixa de ser paradigmático, as explorações agrícolas precisam de trabalhadores, e o país tem cerca de 14% de desempregados. Mas para colocar as mãozinhas na terra e vergar as costas, ‘está quieto’. Depois não se admirem dos trabalhadores que vêm da Tailândia ou do Vietname para trabalhar. As pessoas devem se convencer que nos tempos de hoje, o regresso à terra e ao cultivo é uma excelente oportunidade para se relançar uma carreira profissional. Os produtos portugueses apresentam uma qualidade inegável e devemos colmatar as falhas do nosso mercado interno, bem como olhar para a internacionalização das nossas empresas do sector primário.

Haveria muito mais para se falar, mas as palavras estão no seu término. Acredito verdadeiramente num Portugal melhor, onde a aposta na formação, tanto ao nível secundário como académico, é o caminho para o sucesso. É certo que devemos investir no futuro dos nossos filhos, mas também no nosso, sem nunca deixarmos de aprender novas técnicas ou até mesmo línguas.
Uma formação adequada e uma educação que englobe os princípios da responsabilidade, respeito e trabalho são meios para atingirmos a excelência, quer seja nas pescas, no turismo, no comércio ou nas energias.
Eu vejo um Portugal com futuro. Basta quebrarmos com a barreira dos interesses instalados (‘jobs for the boys’) e deixarmos que estas novas gerações de gestores e empresários implementem os seus modelos de negócio, visando sempre a criação de valor para todos os agentes económicos bem como a sustentabilidade financeira.

Porque ‘o país não precisa de quem diga o que está errado... precisa de quem saiba o que está certo.’{Agustina Bessa Luís}

Boas leituras,
GC

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