quarta-feira, 30 de maio de 2012

Quanto tempo... tem o tempo?


Reconheço que tenho andado um bocado afastado destas lides, pois a minha concentração tem-se focado mais nos problemas matemáticos e estatísticos que assolam a minha alma neste momento. Ainda assim, arranjei um tempo para escrever sobre... o tempo. Não do tempo que vai fazer amanhã, mas do outro tempo, aquele que muitas vezes nos falta, que passa depressa ou que se torna penoso demais.

Se há coisa que dou bastante valor, é ao tempo que dispomos. Na minha óptica, ele é bastante valioso, capaz de curar bastantes males que por aí andam neste mundo, mas por vezes, peca por escasso ou simplesmente o seu uso não é o mais eficiente. Desde cedo fui habituado a ter várias tarefas durante o dia, o que me obrigou a ter sentido de organização e de responsabilidade. Sim, eu sou viciado em organização e sou um bocado chato nesse aspecto. Para mim, as 24 horas do dia chegam perfeitamente para fazermos as nossas actividades, é uma questão de método e de organização. Sobretudo as mulheres sofrem com este mal, começam logo a ter suores e a bufar, olhando impacientes para o relógio. Os homens também têm destas coisas, mas não fazem disso o seu cavalo de batalha.

Quando estive pessoalmente com o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, pensei: 'este homem não dorme, não come, não faz necessidades, não respira...', mas se repararem, ele faz tudo e mais alguma coisa, porque na sua essência, gosta daquilo que faz. E o pequeno grande pormenor é este mesmo: muitos de nós, caros leitores, não fazemos as coisas que mais gostamos. Ou porque está a chover, ou porque a namorada não deixa, ou porque... não há tempo. Mas parece-me que esta última desculpa não funciona lá muito bem. A verdade é que nos acomodámos, somos o povo fatalista do 'assim-assim', do 'cá se vai andando', e quando olhamos para a janela fora, vemos que perdemos o mundo lá fora. Porquê? Porque em vez de acrescentar vida aos nossos dias, acrescentamos tempo inutilizado. É por isso que muitos homens e mulheres, quando se deparam com os seus 30 e 40 anos, se lançam desenfreadamente nas pistas de dança das discotecas, nos ginásios e nos engates. Olham para o passado e vêem que perderam os melhores tempos das suas vidas com coisas que não mereciam tanta atenção, ou com pessoas que eram autênticas prisões.
Temos medo, muito medo, de tudo e de mais alguma coisa. Mas o maior medo é este: o de sermos felizes. E vamos deixando o tempo percorrer este imenso rio que é a vida, e quando dermos por nós, estaremos a desaguar no mar sem um pingo de felicidade no rosto.

Aprendi a valorizar o tempo e a respeitar as suas virtudes e defeitos. Tudo na vida é feito de ciclos e as pessoas têm que perceber de uma vez por todas que nada é eterno, para o bem e para o mal. O tempo resolve problemas sentimentais, traz-nos aquele amigo que já não víamos há anos, ajuda a desenvolver as nossas capacidades físicas e cognitivas, torna-nos numa pessoa útil à sociedade. Esta é a vertente da utilização óptima do tempo. Mas há quem o use simplesmente para fazer... nada. Quem sou eu para condenar essas pessoas? Se elas são felizes assim, ainda bem. Mas tenho pena delas, porque a vida é para ser vivida fora do nosso quintal e fora do nosso sofazinho com a seriezinha norte americana que nos faz chorar como se não houvesse amanhã.
O tio do meu Pai tem 86 anos. E tem um terreno de 100mX10m, onde planta as suas coisas. Todos os anos se queixa das ervas que crescem por esta altura da Primavera e das suas dores de costas. Pois bem, apesar deste discurso, ele acaba por pegar na sua enxada e vai depenando todas as ervas do seu terreno. Demora 4 ou 5 dias a fazê-lo, mas fá-lo (se pensavam que ia dizer 'fázio', então é melhor saírem deste blogue). E cada vez que passo por ele, vejo a personificação do tempo. Que apesar de todos os obstáculos da vida, da idade e das dores, o seu tempo é vivido de forma plena e preenchida, respeitando cuidadosamente os seus ciclos. E uma vez, apanhei este senhor de 86 anos a andar de bicicleta aqui na minha Vila, fazendo-me recordar uma das cenas finais do filme 'Finding Forrester', com o Sean Connery, o qual aconselho a todos.

Dou mais valor às pequenas coisas da vida, pois um dia preenchido capta muito do nosso tempo. Quando me apanho com mais disponibilidade, meto me ao sol, vou beber um copo com os amigos, vou jantar com eles, estou com os meus sobrinhos, vou correr, vou andar de BTT e escrevo uma palavras por aqui. O sentido da vida está em viver o tempo de forma construtiva, apostando na nossa valorização ou ajudando a sociedade nalgum aspecto.
Muitos continuarão a viver com medo, e a esses, o tempo nunca será favorável. Aqueles que encaram o dia a dia com optimismo e com vontade de superar obstáculos, o tempo se encarregará de os premiar, porque nós somos aquilo que damos aos outros.
Vou então regressar para os meus devaneios estatísticos, porque o tempo nunca pára. E talvez seja esta a sua melhor virtude.

'O  tempo chega sempre, mas há casos em que não chega a  tempo.' {Camilo Castelo Branco}

terça-feira, 22 de maio de 2012

Não custa nada... e é barato

{Ocean's Eleven}

Festejar um aniversário causa-me dores de barriga e ansiedade. Fico com aquela sensação de vazio e chego a fazer vários balanços da minha vida, nesse dia. Mas este ano fui atingido por uma tranquilidade anormal... não sei se foi do estudo, das condições climatéricas ou do scone que comi bem acompanhado no café Maria Saudade, em Sintra. Sinto que algo está a mudar...

Gosto de fazer anos e de receber os Parabéns, pois este dia serve como uma escala, onde posso observar quem me dirige palavras longas, mais curtas, mais sentidas, menos sentidas... e também vejo quem perde uns segundos da sua vida para me endereçar uns simples desejos.

Os anos vão passando e sinto que muita coisa já se definiu, e muitas mais se vão definir. Mas os verdadeiros amigos estão cá sempre, e eles compreendem as minhas angústias, dores, frustrações, pontos de vista e atitudes. Quando têm que me chamar a atenção, chamam. Quando têm que criticar, criticam. Quando têm que elogiar, eu babo-me, choro e vou beber uma cerveja com eles. E acredito que as pessoas se revelam. Felizmente, reparo muito nessas coisas e retiro grandes lições das palavras, mas sobretudo das acções que cada um toma. A vida é feita destas coisas.

A minha maior prenda é o facto de poder contar com os verdadeiros amigos. Nada mais.
Um sincero e profundo obrigado por tudo, porque não custa nada agradecer.

Para aqueles que se esqueceram ou que simplesmente não quiseram saber... não faz mal, porque amanhã de manhã um novo dia vai nascer, os rios vão continuar a desaguar no mar e cada um sabe o que é melhor para si.

À medida que crescemos, nós não perdemos amigos. Apenas aprendemos quem são os verdadeiros.

Boas leituras,
GC

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Muro das Lamentações


Depois das emoções da minha despedida do futebol, estou de volta às crónicas, desta vez para falar de uma realidade que é bem conhecida de todos nós. As lamentações. Sim, porque os portugueses são campeões do Mundo das lamentações. A lamentar é que no entendemos. Querem ver?

Foi publicado há dias um estudo que visava medir a confiança e a felicidade dos portugueses. Até aqui tudo bem, seria mais um daqueles estudos para encher chouriços. Mas não. Nós somos mesmo os campeões do lamento. Somos tristes, infelizes, egoístas e deprimidos. E pergunta o leitor desse lado: 'Porquê?'. Pois bem, desde tenra idade somos criados e educados numa cultura de lamentação, onde só se vê o lado negativo das coisas. E isso cansa-me, faz-me queda de cabelo e dá-me vontade de agredir as pessoas. Querem ver uma listinha de lamentações para matar a curiosidade?

- 'Ahh, que porcaria de tempo, não chove e isso é muito mau para a agricultura'
- 'Ahh, que porcaria de tempo, não pára de chover! Isto só vai estragar as plantações!'
- 'Ahh, que os combustíveis não param de aumentar!'
- 'Ahh, não posso mais com estas notícias da crise, da dívida pública, da Grécia e das Secretas!'
- 'Ahh, estes políticos não sabem o que dizem! Chulos!'
- 'Ahh, isto está uma pouca vergonha, no meu tempo não havia cá paneleiragem nem drogas! O Salazar havia de estar vivo!'
- 'Ahh, não posso com a tromba da minha vizinha. E da minha sogra. E da minha cunhada. E da minha mulher. E do meu patrão.'
- 'Ahh, coitado de mim, vou ter que passar a trabalhar para receber o RSI!'
- 'Ahh, que a televisão está cheia de maricas, de gajas artificiais, de publicidade e de filmes rascas!'
- 'Ahh, o Benfica não ganhou, cabrão do árbitro!'
...

Sei lá, há tantos lamentos característicos dos portugueses, que sou forçado a referir apenas estes para não me alongar muito. Sou apologista de que cada casa portuguesa deveria ter um Muro das Lamentações, como aquele que há em Jerusalém. Assim dávamos trabalho ao pessoal da construção civil, que bem precisa. Acordávamos de manhã, lavávamos a cara e íamos fazer as nossas lamentações para a sala de estar. Qual pequeno almoço, qual quê. Somos bons é nisto. Se existisse um Campeonato do Mundo de Lamentações, ficaríamos em primeiro lugar, certamente.
Queixamo-nos de tudo. E de nada. Mas esquecemo-nos de olhar para o nosso próprio umbigo. Não vou com a cara dessas pessoas e tento-me afastar o mais possível delas. Têm aquele ar de quem já não fazem sexo há 9 meses, por exemplo. À mínima coisa, a barraca explode. E por norma, saem umas lágrimas para dar gosto à coisa.

Há muito boa gente a quem uma estalada na cara faria bem, porque não podemos passar a vida toda no marasmo. Preferimos ser infelizes, em vez de irmos em busca de um caminho que nos traga felicidade. É de lamentar.
Nunca a palavra 'crise' foi tantas vezes pronunciada nos últimos dois anos. Ela existe, mas sobretudo dentro da cabeça das pessoas. Uma bela crise de valores, que nos faz lamentar a toda a hora.
Qual a solução para este mal? Simples. Desliguem a televisão à hora do jornal da tarde e da noite. Leiam mais jornais e oiçam mais rádio. Procurem mais informação para sustentar as vossas críticas, quer elas sejam construtivas ou destrutivas. Trabalhem mais, invejem menos os familiares e os amigos, saiam mais de casa para desfrutar o nosso sol e as nossas praias. Estudem sempre que possível, façam desporto, dediquem-se ao voluntariado, promovam a cidadania todos os dias, respeitem o caminho que as pessoas querem seguir. 
Penso que somos demasiado fatalistas, e isso é bem patente na escrita do Fernando Pessoa e nas músicas da Mafalda Veiga. Se bem que o Fernandinho era um génio e foi capaz de assumir várias facetas, e a Paciência para o corte de pulsos da Mafalda já se acabou. É por isso que oiço muita música clássica, está explicado. Voltando ao fatalismo, temos que sair desta bruma teimosa que nos assola desde 1143, pois o momento que o país atravessa assim o exige. Já estamos fartos de utilizar os faróis de nevoeiro.

Os mais jovens não podem virar a cara à luta, porque o futuro de Portugal está nas suas mãos. E fartos de lamentos já andamos nós. Estudar, trabalhar, empreender e vencer. Acordar com a vontade de construir o nosso amanhã, aqui ou lá fora, mas preferencialmente cá dentro. Porque acredito sempre no lado positivo das pessoas e no valor que podem trazer à vida umas das outras. Basta pegar num martelo e partir cada tijolo do nosso Muro das Lamentações, para que possamos pavimentar o caminho do nosso sucesso.

Lamento, mas vou-me embora, porque o CD do Gustav Mahler acabou.

Valete Frates.

'Todos estão rodeados de oportunidades. Mas estas apenas existem quando são vistas. E apenas serão vistas se as procurarmos.' {Edward Bono}

Boas leituras,
GC

quarta-feira, 9 de maio de 2012

E depois do Adeus...

Não estranhem o prolongar das palavras, os agradecimentos, as lamechices e os relatos. Não estranhem o tom de saudosismo ou a frontalidade. Esta foi a crónica mais difícil de escrever de todas, mas porque está ligada a uma decisão também difícil: arrumar as botas e a pasta, ao final de 9 anos. E as palavras teimam em não sair...


Em Outubro de 2003, dei um murro na mesa e disse ao meu Pai que queria deixar a Banda Filarmónica de Pêro Pinheiro e que queria ir jogar futebol para o clube da terra. Torceu o nariz, piscou o olhos várias vezes, pensou, voltou a pensar, mas depois lá disse: 'porque não? Vai lá'. E lá fui eu, aos 13 anos, em busca do desconhecido. Não sabia dar um pontapé numa bola, não tinha noções de posicionamento táctico, não tinha nada. Mas após muito esforço e determinação, comecei a adquirir os processos básicos do futebol. Agradeço ao Mister Carlos Ochoa por ter sido o grande percursor da minha carreira como jogador, que durou 6 anos. Foi ele quem despertou o meu interesse pelo futebol, mas também foi a primeira pessoa a mostrar a outra faceta da modalidade: a formação de personalidades.
Tive o maior orgulho em representar o Clube Atlético de Pêro Pinheiro (CAPP) como jogador, durante 6 anos. Vivi emoções que nunca mais vou viver na vida, muito provavelmente. O espírito de grupo, as derrotas no último minuto, as vitórias nos últimos segundos, a tristeza e a dor das lesões, os grandes amigos que fiz para a vida, o orgulho de ter sido capitão de equipa nos escalões de formação (Iniciados, Juvenis e Juniores), os treinos à chuva, ao vento e ao frio...
Se chorei por um clube, se derramei sangue por um clube, foi pelo CAPP. Jogar neste clube era a mesma coisa que jogar pelo nome da localidade, onde quer que fossemos. E eu era feio, porco, mau, sujo, porque defendi com todas as minhas forças o nome de Pêro Pinheiro. Mas no final, saía sempre de consciência tranquila, porque dei o meu melhor.
Um dos episódios mais marcantes passou-se no 1º ano de júnior (há memórias que nunca mais acabam! Dava para fazer um livro), no momento em que me lesionei no joelho esquerdo. Tive que ser substituído ainda antes do intervalo. Depois da assistência do massagista, fui para o balneário, e lá chorei sozinho, agarrado à camisola do clube. Chorei, chorei e chorei. Porque os rapazes também choram. 4 meses de lesão, mas depois voltei com mais vontade e força para fazer melhor.
Fiz o meu último jogo na Torre, em Cascais, envergando a braçadeira de capitão, com uma vitória no bolso por 2-0. Dever cumprido.

Depois de terminada a minha carreira como jogador do clube, fui convidado em Maio de 2009 pelo meu treinador da altura, Miguel Ferreira, a integrar a equipa técnica dos júniores, como adjunto. Disse-me uma vez, antes de um jogo em Trajouce, que eu 'era a sua extensão dentro do terreno de jogo'. Talvez por isso, o nosso entendimento tenha sido mútuo e bastante positivo. Abracei este novo desafio, numa função diferente, mas com uma responsabilidade redobrada. Foi o primeiro passo para aprender a lidar com a pessoa que existe para além do jogador. O processo de comunicação e de tomada de decisão estavam presentes a toda a hora. Muitos jogadores tinham sido meus colegas de equipa, mas sempre me respeitaram e ouviam com bastante atenção as minhas palavras. Fizemos uma excelente temporada, e agradeço ao Miguel por ter lançado as bases do meu futuro nestas funções. Foi uma pessoa extraordinária, com métodos inovadores e irreverentes, que deixaram muita gente com comichão no céu da boca, mas eu prefiro seguir os loucos, sair da minha zona de conforto e fazer algo que um dia me possa orgulhar. E isso devo ao Miguel, que foi o meu Júlio Isidro! Ainda hoje utilizo o vocabulário e os métodos de treino que me foram ensinados por este vendedor de máquinas de jardim e de motosseras do Cacém. Uma pessoa que me marcou bastante, sem dúvida.
Em 2010, no 2º ano de adjunto dos júniores, veio o Mister Rosalino e fizemos uma temporada aceitável, que teve um final amargo, pois a subida de divisão ficou hipotecada na última jornada. Não me identifiquei a 100% com a metodologia de treino e com a filosofia de jogo, mas aprendi bastante. Também um obrigado ao Mister Rosalino.

Em Maio de 2011, decidi colocar um ponto final à minha relação com o CAPP. Estava saturado do clube, mas sobretudo das pessoas. Porque o clube está lá sempre, as pessoas é que vão passando. Saí com uma certa mágoa, porque penso que não me deram o devido valor. Mas engolir sapos faz parte da vida e não posso ser hipócrita. É o clube da minha terra e gosto dele como poucos. Sou sócio, resido a 200 metros do campo e tenho lá amigos, portanto ser-me-à difícil cortar o cordão umbilical.
Durante o Verão de 2011, pensei mesmo que ia arrumar de vez o material do futebol, mas fizeram-me um convite aliciante. Através do Fábio Courelas, Eduardo Pardal e Vando Albuquerque, foi-me feito o convite para integrar a equipa técnica dos seniores do Alcainça Atlético Clube, que iria disputar a 1ª Divisão Distrital da AFL. Após alguma ponderação, acabei por aceitar e embarquei na experiência mais exigente da minha vida.


Trabalhar com jogadores seniores é algo bastante complexo. No plantel, só tinha um jogador mais novo do que eu, e o choque de idades fez-se notar. Os problemas dos mais velhos são completamente diferentes dos problemas dos jovens. Trabalho, filhos, contas para pagar... e esta foi a parte mais gratificante destes 10 meses, ter lidado com os jogadores mas também com a sua personalidade e formas de encarar a vida.
Não foi um caminho fácil, sobretudo porque não se consegue identificar a 100% com todos os jogadores, mas quando se gosta daquilo que se faz, estamos lá de corpo e alma. Os primeiros 4 meses foram tremendamente desgastantes, pois andava a estudar, a trabalhar e ainda tinha os treinos 3 vezes por semana e os jogos ao Domingo. Mas são estas coisas que nos fazem crescer, porque sempre me ensinaram a assumir as minhas responsabilidades. 
Os meus pais não acharam muita piada, pois o clube não era da minha terra e eu andava a gastar demasiado tempo do meu dia a dia. Apontaram-me o dedo várias vezes, mas posso dizer que fui mais forte do que eles. Porque estava a fazer uma coisa que realmente gostava, o que é raro nos nossos dias, onde as pessoas saem de casa com uma tromba enorme e entram ao final do dia exactamente com a mesma cara.

Foi uma temporada exigente, marcada por muitos acontecimentos, uns piores, outros melhores. 30 jornadas, 30 lições diferentes. Mas foi um privilégio ter conhecido tanta gente boa, e mesmo trabalhando com todas e mais algumas limitações, conseguimos alcançar o nosso objectivo principal, que era a permanência na 1ª Divisão.
Em Alcainça aprendi o valor da exigência, do trabalho, da responsabilidade, mas também o da amizade. Pessoas simples e trabalhadoras, com uma história de vida por trás. O clube tem uma grande margem de progressão, basta dar os passos um de cada vez e a seu tempo as coisas vão melhorando. As crianças e os jovens de Alcainça, que são em grande número e que me surpreenderam pela sua vivacidade, devem dar valor à obra que o clube fez.
A época fica manchada pelo acontecimento triste da Venda do Pinheiro e pelo consequente castigo, mas nada disso nos tirou forças para fazermos mais e melhor. Ficam as emoções fortes, as vitórias suadas, o apoio incondicional de dezenas de pessoas, os jantares intermináveis e as amizades para a vida.
Falta-me falar do André, peça fundamental no meio disto tudo. Jovem e determinado, nunca virou a cara à luta, assumindo sempre os seus erros. Aprendi muito com ele, e foi uma das maiores surpresas que tive no futebol. Antes de o conhecer, tinha uma imagem diferente. Mas depois de trabalhar com ele, de compreender as suas ideias, a imagem mudou, e muito. E dou-lhe grande valor pelos ensinamentos que me incutiu e pelo espírito de resistência. Gostei muito dos seus métodos, da forma como transmite a mensagem aos jogadores e da simplicidade de processos. Irá dar cartas no futuro, certamente, e quando chegar lá ao topo, eu poderei dizer: 'eu trabalhei com aquele gajo!'. Obrigado por tudo, André.

Saio do futebol por razões simples. A minha vida está a definir-se, o curso superior prestes a terminar, o mercado de trabalho a aproximar-se, o aumento das responsabilidades. É fundamental saber-nos localizar no tempo e no espaço, e muitas vezes, temos que nos afastar das coisas para percebemos realmente se é daquilo que gostamos. E chegou a altura de me afastar. Saio apenas desiludido com a qualidade das arbitragens e com alguns dirigentes que poluem o futebol português. Mas também saio pela porta grande, por tudo aquilo que fiz e pelas centenas de pessoas que conheci, que acrescentaram muito valor à minha vida.
Um dia mais tarde, o objectivo passa por tirar o Nível I de treinador. Quando, não saberei. É por isso que digo: não é um adeus... será sempre um até já.

Agradecimentos:
- Mister Ochoa, por ter lançado as minhas bases no futebol
- Joaquim Martins, pelas mensagens de vida que me transmitiu, ficou um grande amigo
- Miguel Ferreira, o meu Júlio Isidro, com uma personalidade forte e marcante, tem uma grande margem de progressão no futuro
- André Conceição, por ter arriscado na minha presença ao seu lado, pela sua personalidade e capacidade de superação, vejo nele um grande futuro
- Ao Sintrasport
- Ao CAPP e ao AAC
- A todos os colegas de equipa que partilharam o campo comigo
- A todos os meus jogadores, que ao longo destes 3 anos foram a razão da minha aventura
- À minha namorada, que sempre me apoiou e acompanhou nestas loucuras

Um sincero obrigado, por tudo.
Até breve...

GC


segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mãe há só uma...!


À semelhança do que fiz no Dia do Pai, hoje escrevo algumas palavras sobre a minha Mãe, para que não haja discriminações parentais, neste dia tão especial (eu sei, publico esta crónica com um dia de atraso, por motivos de agenda).

Provavelmente, esta será a crónica mais fácil de escrever, pela naturalidade com que posso falar da minha Mãe. A minha Mãe não gosta de ver as coisas desarrumadas, a minha Mãe não gosta de sujidade, a minha Mãe não gosta de ambientes com muitas pessoas, a minha Mãe não gosta de música estrangeira nos programas da televisão portuguesa.
A minha Mãe é a melhor cozinheira do mundo, e este argumento não se pode colocar em questão. Hoje ao jantar foi um Bacalhau à Gomes de Sá. E mais, teve que cozinhar para uma casa cheia, ao longo destes anos.

A minha Mãe sofreu muito, não só porque deu 6 filhos à luz, mas também porque vive de perto os problemas dos filhos. Viu um filho partir para o outro lado do mundo (Timor), viu outros doentes, e muito mais. Mas nunca virou a cara e é sem dúvida o porto de abrigo desta família. Mesmo com todos os seus problemas, não desiste.

A minha Mãe é bastante frontal, directa e sem papas na língua. E à semelhança do meu Pai, também existem muitas pessoas que não gostam da minha Mãe. Temos pena,a minha Mãe tira o cavalinho da chuva com bastante facilidade.
A minha Mãe gosta de ouvir Isabel Silvestre, Tony Carreira e Marco Paulo. Já acordei muitas manhãs a ouvir música em altos berros... nada como acordar com o José Cid quando estamos de ressaca!
A minha Mãe ganhou uma nova vida e encarou-a de uma forma mais positiva quando os meus sobrinhos nasceram. A casa ficou mais alegre e ela também.

A minha Mãe embirra com o meu Pai 167 vezes ao longo do dia. É natural, 40 anos de casamento resulta nisto, ou não?

Acima de tudo, com os ses defeitos e virtudes, a minha Mãe é uma sofredora, uma guerreira e uma grande Mulher. Não tenho muitas mais palavras para escrever, pois quem conhece a minha Mãe sabe que ela é uma mulher de crenças e de acções, e são estas as características que a valorizam.
E como sabemos, Mãe há só uma... e a minha é a melhor do Mundo.

Boas leituras,
GC

sexta-feira, 4 de maio de 2012

O que o Povo quer, sei eu...


Muito se tem falado esta semana sobre o desconto de 50% proporcionado pelo Pingo Doce em compras superiores a 100€, no 1º de Maio. Manobra publicitária? Falta de ética e de respeito pela situação económica dos portugueses? Dumping? Pois bem, tenho lido as mais variadas opiniões, desde os jornais aos artigos online, passando ainda pela televisão. Chegou a hora de manifestar o meu ponto de vista face a esta situação. Apenas esperei que alguma poeira assentasse e que os ventos ciclónicos fossem abrandando.

Achei genial a manobra de marketing levada a cabo pela Jerónimo Martins, e mais propriamente dita, pelo Pingo Doce. Num dia carregado de alto simbolismo, por ser feriado comemorativo do Dia do Trabalhador, a JM decide desafiar a nação com 50% de desconto em compras superiores a 100€. Os super e hipermercados do PD foram basicamente 'invadidos' por uma massa humana poucas vezes vista. Somente quando a selecção chega às meias finais de uma grande competição ou quando o meu Benfica é campeão nacional é que se vê tal amontoado de gente. No meu caso, só saí de casa nesse dia para ir dar treino, enquanto acompanhava o desenvolvimento da campanha pela internet e televisão.
Os telejornais abriram com a campanha do PD e estiveram 25 (!!) minutos seguidos a relatar os acontecimentos, os distúrbios, a balburdia e a felicidade de muitos consumidores com os carrinhos de compras cheios. E cada um podia encher o seu carrinho de compras com o que quisesse. É esta a beleza da coisa.

O que também foi belo de se ver foi a cara de enterro dos sindicalistas e dos partidos de esquerda, que tradicionalmente fazem deste feriado um dia de luta contra o grande capital. Foram abalroados por um caterpillar, por um comboio, por um tanque chamado PD. Foi um 15 a 0 sem espinhas. Muitos defendem que não se devia trabalhar no 1º de Maio. Certo, então fechávamos os hospitais, os aeroportos, os cinemas, as empresas de transportes, os cafés, entre tantas outras coisas. Eu cá mandava fechar a boca de muitos libertinos de cravo e foice na mão...
E ainda há o desplante de discutir este tema na Assembleia da República? Meus senhores, há entidades próprias para julgar esta campanha do PD, nomeadamente a Autoridade da Concorrência e a ASAE. Já não basta pagar-vos os exorbitantes salários de deputado, agora tenho que vos ouvir a discutir sobre uma campanha publicitária? Portugal não tem problemas mais graves para discutir sem ser os 50% de desconto?

Se ouve prática de 'dumping' (vender abaixo do preço de custo, ou seja, compro ao meu fornecedor por 10 e vendo ao meu cliente por 5), existem as ditas autoridades já referidas para averiguar a situação.
E mais: se a Galp, BP, Cepsa, Repsol, Shell, etc, avançassem com uma campanha deste género, nem que fosse só durante 12 horas, acham que ia ficar com o meu rabo pregado ao sofá da sala? Agora pensem.
A tipologia do consumidor que se deslocou ao PD no 1º de Maio não deve fugir muito destes traços: rendimento mensal entre os 485€ e os 1000€, ou desempregados, ou imigrantes ou reformados. E foi uma festa para todos. Encheram os carrinhos de compras como não faziam há muito, bem como as despensas. 

Tudo o resto é ruído.

As pessoas têm que perceber: Portugal está em crise, sempre esteve e há-de continuar a estar. E o que o Povo quer, sei eu... Descontos.

Uns choram... outros vendem lenços.

Boas leituras,
GC

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Venha tomar café com... Marcelo Rebelo de Sousa

Hoje o tema da minha crónica versa sobre a temática dos jovens e o futuro que podemos esperar em Portugal para os mais novos. No dia 30/04, decorreu o primeiro debate da iniciativa 'Venha tomar café com...', organizada conjuntamente com a Paróquia e a Junta de Freguesia de Pêro Pinheiro. O primeiro convidado foi o nosso bem conhecido Professor Marcelo Rebelo de Sousa, que conseguiu captar a atenção e o interesse da sala, com mais de 150 pessoas, durante três horas e meia de intenso debate.
Vou tentar elucidar de forma breve os pontos - chave do debate, que decorreu em estreita relação entre o nosso convidado e o público presente.

 {Debate com o Professor Marcelo Rebelo de Sousa}

0. Início - 21h15

1. Apresentação da iniciativa 'Venha tomar café com...' e do convidado, Professor Marcelo Rebelo de Sousa
- Esta iniciativa surgiu através de uma conversa informal com o Padre Avelino, pároco da freguesia de Pêro Pinheiro, pela altura da Festa de São Pedro, em Junho de 2011. Porque não criar um grupo de jovens, que debatesse os problemas da sociedade directamente com personalidades bem conhecidas do nosso dia - a - dia? A ideia central é avançar nesse sentido, sendo que este foi o primeiro debate.

2. Introdução/Enquadramento
- O Professor fez uso da sua palavra e optou por fazer um enquadramento geral da História de Portugal. O nosso país está efectivamente em crise desde a sua criação, senão vejamos: D. Afonso Henriques bateu na mãe e criou Portugal, existiu a crise de sucessão no período 1383-1385 (dinastia de Avis), fomos governados por Espanhóis (dinastia Filipina), houve um terramoto em 1755, os franceses invadiram-nos no início do século XIX, o rei fugiu para o Brasil, houve uma guerra civil entre irmãos, o Rei D. Carlos foi assassinado, a monarquia acabou dando lugar a um governo republicano em 1910, explodiu a 1ª Guerra Mundial, começou o Estado Novo, surgiu a 2ª Guerra Mundial, a Guerra Colonial, o 25 de Abril e sofremos as intervenções do FMI... e com a presença da Catarina Furtado, Bárbara Guimarães, Júlia Pinheiro, Fátima Lopes e Cristina Ferreira na televisão, sendo este último ponto o mais preocupante (ironia...). Mas como podemos observar, Portugal andou sempre em crise e parece que assim vai continuar até ao fim do Mundo. O que difere é a intensidade e a profundidade dos problemas gerados por uma crise económica e financeira, mas também de valores.

3. Público (Bruno Carvalho, professor)
- Nesta intervenção, falou-se das oportunidades que os jovens podem esperar em Portugal, do futuro da família e dos desafios no ensino. Este último ponto foi bastante discutido, pois o 'modus operandi' do ensino que era praticado em 1970 é completamente diferente daquele que temos hoje, em 2012. Os professores já têm alguma dificuldade em acompanhar as dúvidas dos alunos, pois estes têm um acesso tremendo à informação, sobretudo através da internet. Falou-se das alterações de raciocínio, pois há 40 anos, os alunos acompanhavam mais facilmente um raciocínio abstracto, sendo que hoje estamos num patamar mais objectivo e imediato, porque temos acesso a inúmeras imagens, tendo o nosso raciocínio se tornado mais visual. A substituição dos 'Qs' pelos 'Ks', uma nova forma de comunicar com o mundo.
Discutiu-se também a temática da meritocracia, do trabalho árduo e evolutivo que um aluno deve fazer.

4. Público (Directora/Assistente no IPO)
- Uma intervenção bastante pertinente, onde se discutiu a valorização do trabalho na juventude. Esta mãe colocou o seu filho de 13 anos a trabalhar nas férias da Páscoa. Falou-se abertamente dos benefícios desta prática, pois permite aos mais jovens adquirir conhecimentos sobre o mercado de trabalho, bem como da responsabilização e dedicação que devemos aplicar em cada emprego que possuímos ao longo da vida. A minha primeira experiência deste tipo foi aos 17 anos e sinto-me bastante grato, pois aprendi imenso e acima de tudo, aprendi a comunicar com os outros de uma forma mais ampla e aberta. Aprender a comunicar, saber estar e ter uma cultura de responsabilização são as ideias fundamentais que ficaram retidas neste ponto do debate.

5. Público (deputado pelo MPT na CMS)
- Foi abordada a questão do elitismo e das figuras de referência para a juventude, nos dias que correm. Como sabemos, os jovens são influenciados pelos 'opinion makers', nomeadamente cantores, actores, desportistas e até políticos. Falou-se na capacidade da igreja em criar condições para reunir os jovens e traçar um rumo para as suas vidas, ponto de vista defendido pelo Professor. Este deputado do MPT defendeu ainda o regresso à vida rural (neo-ruralidade, fantástico conceito!), como uma forma de obter uma maior qualidade de vida. O Professor concordou com o que se disse, e ficámos a saber que também ele tem uma forte ligação à terra, pois é presidente da Fundação Casa de Bragança, que possui vários terrenos para plantação e para animais.
De facto, estar ligado à terra confere-nos uma sensação de paz interior e de aproveitamento do tempo, pois na agricultura as coisas têm um ciclo definido, desde semear, tratar e colher os frutos e vegetais que a terra nos dá. Será por este facto que o meu Pai não se cansa de plantar cebolas, alfaces, couves, feijão verde, abóboras...!

6. Público (Luís Corredoura, arquitecto e como podem ver pelo nome, meu irmão)
- Porque não reabilitar os prédios devolutos na cidade de Lisboa, se existem centenas de arquitectos no desemprego? Porque não retirar os ministérios do Terreiro do Paço e colocar universidades no seu lugar, com a capacidade de auto-regenerar a Baixa lisboeta? Foram estas as questões levantadas ao Professor, no âmbito da reabilitação do património edificado. Na realidade, concordo com o sentido destas perguntas, pois o mercado imobiliário e o sector da construção necessitam de sérias reformas, com uma aposta urgente na reabilitação de imóveis nas grandes cidades e no fomento do arrendamento, sobretudo para os mais jovens.
A maior parte dos imóveis devolutos em Lisboa pertence à Santa Casa da Misericórdia de freguesias ou de concelhos pequenos e sem recursos para recuperar as infraestruturas. É urgente que se faça algo neste campo, para evitar situações menos agradáveis, como desabamentos e fogos neste tipo de edifícios.

7. Público (mais um jovem arquitecto)
- Fez-se referência ao Miguel Gonçalves, aquele jovem empreendedor que ficou conhecido no programa Prós & Contras da RTP1 (aconselho a verem os vídeos no Youtube). Colocou-se a questão do risco em avançar com um negócio próprio e das consequências para os jovens que sigam esse caminho. O Professor fez questão de lembrar que não existem empregos para a vida, no contexto actual. Até à idade da reforma, vamos ter várias actividades, nos mais variados sectores da economia e devemos estar consciencializados desse facto. Saber sair da zona de conforto é essencial para atingir o sucesso, mais isso não basta. Temos que ser flexíveis, dinâmicos e pro-activos, não ficando à espera que as coisas caiam do céu, como chuva para terra seca. 
O português é alérgico a mudanças e sair do quente do cobertor é algo que lhe mete confusão. Ou porque está a chover, ou porque faz vento, ou porque está frio, ou porque joga o Benfica. Como não existem almoços grátis, temos que fazer pela vida e trabalhar é a solução. Desligar a televisão, arregaçar as mangas com audácia e sermos bons naquilo que fazemos. Achar uma vocação não é fácil, mas só a vamos descobrir se sairmos debaixo do cobertor.

8. Público (Carlos Portela, mais um arquitecto. Já só vejo arquitectos à minha frente)
- Mais um arquitecto, desta vez a colocar a questão da internacionalização das PME's, no seu caso específico para os PALOP. É complicado proceder à internacionalização das nossas empresas para países com graves carências técnicas e humanas, como a Guiné-Bissau ou Angola. As embaixadas portuguesas parecem não saber como agir nestas situações, deixando os nossos empresários ao sabor do vento... e dos subornos, que são o pão nosso de cada dia por aquelas paragens. Para se proceder à internacionalização, bem como à emigração, devemos ter o máximo de informação sobre o destino em causa, para não sermos surpreendidos por situações menos bonitas. Oportunidades de emprego, a cultura do país, alojamento e condições contratuais são fundamentais na hora de negociar, e convém sempre ter um olho no burro e outro no cigano para não sermos enganados ou até mesmo expulsos do país em causa.

9. Público (Jurista, ex-aluna do Professor)
- A questão colocada prendeu-se sobretudo com o tema central deste debate, o futuro dos jovens. O Professor fez menção a pequenos pormenores referidos ao longo do debate, como a flexibilidade laboral, formação, o papel da comunicação e a maturidade na tomada de decisão.

10.  Oração
- No final, rezámos todos um Avé Maria, mas eu não consegui abrir a boca, porque não sei rezar e nunca fui tentado para tal. Mas respeito quem professa uma religião e acredito que existe algo superior que olha por nós.

Como podem constatar, o meu texto já conta com umas dezenas de linhas, reflexo das 3h30 de debate! Algumas pessoas não resistiram, mas a maioria permaneceu na sala de forma compenetrada, a ouvir as ideias do Professor. Os moderadores pouco conseguiram falar, fruto do discurso fluído do Professor, que não deixava margem para grandes interpelações. Algo a ter em conta nos próximos debates.
Revi-me muito nas suas palavras e cheguei mesmo a pensar que o Professor me estava a ler os pensamentos. O facto dos jovens não falarem abertamente com os pais sobre vários temas despertou-me a atenção. E até deu o exemplo de uma aluna sua que guardava em silêncio uma doença grave, sem os pais saberem. Temos medo, somos egoístas e não queremos saber dos outros. Vivemos na nossa bolha e temos palas na cabeça que não nos permitem olhar mais além.

Outro ponto ponto essencial do debate, e que para mim foi o mais importante, passou pela ideia de nos sabermos localizar no tempo e no espaço, e perceber que tudo na vida é feito de ciclos. É importante saber parar, reflectir e decidir o caminho que devemos tomar. Nos próximos dias vou anunciar aqui no blogue uma decisão importante que tomei na minha vida, porque achei que era tempo de parar e de seguir um outro rumo. E as palavras que ouvi da boca do Professor Marcelo Rebelo de Sousa só vieram dar ênfase à minha decisão. Estejam atentos!

Para terminar, porque já devem estar enfadados e com dor nos dedos de tanto rodar o cursor do rato, deixo um apelo a todos os jovens, que tal como eu, lutam pelo seu futuro. Temos que ser audazes, dinâmicos, flexíveis, comunicativos, empreendedores, e acima de tudo, ambiciosos. Mas não devemos pisar e passar por cima das pessoas, pois cada uma tem a sua dignidade. Sozinhos nunca iremos a lado algum, porque o orgulhoso prefere perder-se em vez de perguntar qual é o caminho. E talvez a criação de um grupo de jovens onde se possa debater os problemas da sociedade possa ser um pequeno passo, mas decisivo, para mudar mentalidades e lutarmos por um amanhã menos nebuloso.

Porque a mudança faz-se de pequenas mudanças. {Marcelo Rebelo de Sousa}

Boas leituras,
GC