sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A Arte de Decidir


Durante a nossa existência enquanto pessoa, deparamo nos com várias decisões. Umas mais fáceis, outras mais complexas. Elas fazem parte do nosso dia a dia e são fundamentalmente as pequenas peças do grande puzzle que é vida. Hoje venho falar um pouco sobre essas decisões e de que forma elas afectam a nossa personalidade.

O processo de tomada de decisão é sempre um fenómeno complexo e ambíguo, que requer uma fase de introspecção e de análise. Quando somos crianças, as nossas decisões são simples e quase tomadas de forma espontânea e irracional. Belos tempos esses, em que se escolhia entre fazer os trabalhos de casa ou jogar à bola até ficar com a camisola colada ao corpo.
Com o avançar da idade, a responsabilidade enquanto cidadão vai aumentando (pelo menos, assim deveria ser), e somos forçados a tomar decisões, que indirecta ou directamente terão um efeito nas nossas vidas. Essas decisões tanto se podem prender com a vida pessoal, laboral, sentimental ou com qualquer outra palavra acabada em -al. Por exemplo, ir ou não votar, aceitar ou rejeitar determinada proposta de trabalho, acabar, reiniciar ou suspender uma relação. Todos estes casos fazem parte do nosso panorama mundano, quer queiramos ou não.

No meu caso pessoal, desde cedo me foi conferida a possibilidade de decidir acerca das minhas acções e das minhas preferências, se bem que os meus pais tinham sempre aquela palavra final, por vezes austera e ríspida. Aprendi que em muitos dos casos, os meus pais apenas estavam a tomar a opção certa e que ia de encontro ao meu bem estar, pese embora eu desacordasse e engolisse em seco. 
Os anos foram passando e as decisões foram aparecendo como pequenos cruzamentos nesta estrada da vida. Essa estrada tanto pode ser de terra batida, com muitos buracos, ou pavimentada e bem sinalizada. Mas o que interessa é chegar ao destino com o objectivo atingido. 
E as decisões? Logo aos 15 anos, com a escolha da área específica que iria seguir no Secundário. Aos 18, com a escolha do curso e da faculdade onde iria prosseguir os estudos. Aos 21, com três cadeiras para acabar a licenciatura, ficar em casa a olhar para as paredes ou ir trabalhar com o objectivo de juntar dinheiro para pagar as propinas. Aos 21 também, arrumar as botas e a pasta do futebol ou arriscar num novo projecto, com pessoas diferentes, mais velhas e onde a exigência é sempre uma constante. Arrisquei e segui em frente com estas escolhas, que um dia mais tarde terão as suas consequências (nefastas ou simplesmente positivas), ao estilo da expressão 'causa - efeito'.
Como podem ver, a idade vem de mão dada com a responsabilidade, e o processo de tomada de decisão tem que ser bem estruturado, pois terá repercussões inevitáveis na nossa vida.

Muitas das vezes, tomamos decisões erradas, disparatadas, cegas e vamos logo de corpo e alma para um determinado projecto, mas depois vemos as nossas expectativas defraudadas, qual tiro no pé. Ou pontapé nas partes baixas. Mas antes uma decisão errada do que uma decisão não tomada. Não devemos ter medo de tomar decisões, e mesmo que elas sejam erradas, poderemos sempre retirar aspectos positivos para o futuro. O erro deve ser valorizado e não discriminado, apesar de vivermos numa sociedade que condena a toda a hora as pessoas e os seus actos, baseando se apenas naquilo que vêem e não daquilo que sabem sobre o assunto. É como aqueles julgamentos, que em vez de terem lugar no tribunal, são efectuados na televisão e na praça pública, levando o povo português a formular um veredicto baseado em factos duvidosos. 
A valorização do erro enquanto forma de construção da personalidade é fundamental para o sucesso das nossas decisões. A pessoa que decide mal uma vez, já sabe que da próxima terá que seguir um caminho diferente, muitas vezes mais longo, mas com resultados bem melhores.

Ficarmos parados na nossa zona de conforto, porque lá fora está a chover ou porque faz frio, não é a atitude certa. A audácia, tenacidade, irreverência, inovação e capacidade de sofrimento são factores essenciais para a tomada de decisões. Não deveremos ter medo de arriscar na nossa vida, pois o que levamos dela são os momentos difíceis que se transformam em glória e alegria. Haverá algo melhor do que obter sucesso depois de uma batalha intensa e suada, onde demos o nosso máximo?
Uma pessoa fechada, cinzenta e que não sai do seu quintal nunca poderá ser feliz. Há todo um puzzle para completar e as peças que faltam, conquistamo las de uma maneira só: seguir em frente.

Mais decisões estão para vir, umas com maiores riscos, outras com menores, mas o fundamental é percebermos que as coisas não caem do céu e que devemos agir em prol do nosso bem estar e do bem estar das pessoas que nos rodeiam. Decidir é uma arte que requer uma busca incansável pelo sucesso, mesmo que tenhamos mais tristezas do que alegrias, sendo que estas últimas acabam por cobrir os efeitos negativos das primeiras. Decido assim rematar estes meus pensamentos.
Porque 'nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir' {Napoleão Bonaparte}.

Boas leituras,
GC

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