segunda-feira, 11 de maio de 2015

A Insustentável Leveza da Mudança

 
Passado 1 ano e 10 meses desde a minha última publicação, decidi voltar a dar asas aos pensamentos que vão navegando na minha cabeça.
E nada como voltar com um tema que me é bastante especial: a mudança.

A nossa vida é feita de mudanças, umas mais fáceis de encaixar, outras um pouco difíceis de digerir. Passamos por muitas ao longo da vida: a entrada na escola primária, a passagem para o básico e depois para o secundário. O choque académico. A entrada no mercado de trabalho ou até mesmo a mudança de emprego. Ir viver sozinho ou junto, casar, ter filhos, etc. Como podem ver, a vida é repleta de mudanças
Nem sempre é fácil encaixar uma mudança ou decidir avançar para uma. Muitas vezes estamos "colados" à nossa zona de conforto e ao nosso "quintal", o que não nos permite avançar para novos desafios. Mesmo que essa zona de conforto esteja repleta de monotonia, infelicidade ou simplesmente de comodismo.

Sem dúvida que as mudanças são a melhor forma de evoluirmos enquanto pessoa, pois obrigam-nos a apurar os instintos primordiais, tais como a adaptação e a comunicação. Muitas vezes as mudanças não correm como nós pretendemos, mas não devemos esmorecer. Só errando é que nos apercebemos das imperfeições, que nos permitirão corrigir comportamentos e tomadas de decisão. Penso que esta é a magia da coisa.
Hoje em dia a sociedade vive numa alta-rotação sem precedentes. Cada vez é exigido mais e melhor às pessoas... com menos recursos. Sejam eles monetários, humanos ou temporais. É aqui que reside a capacidade de ultrapassar obstáculos e de adaptação às mudanças.

Também há fases na nossa vida em que temos de arriscar e de mudar todo o paradigma. Na minha opinião, não devemos ficar impávidos e serenos no nosso "quintal", como já referi acima. Todas as mudanças acarretam riscos, prós e contras. Mas acima de tudo temos que colocar a nossa felicidade e o sentimento de realização pessoal em primeiro lugar. Por muito que custe a tomar a decisão de mudança, compete somente a nós assumir os riscos e lutar para que sejamos recompensados no futuro.

Muitas vezes costumo dizer que a vida é uma estrada. Com caminhos mais ou menos penosos. A mudança é sem dúvida o pisca-pisca que nos encarregamos de ligar. O que vem a seguir está nas nossas mãos: suor, esforço, dedicação, sacrifício e sobretudo, respeito por nós e pelos outros.

Hoje decidi colocar um pisca-pisca na minha vida. Voltei a escrever. Entre outras coisas.
E espero voltar aqui com muito mais frequência.

"A mudança é a lei da vida. E aqueles que apenas olham para o passado ou para o presente irão com certeza perder o futuro." {John F. Kennedy}

Boas leituras,
GC

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Um Verão Lusitano

{Alentejo}

Após mais uma pausa na escrita, imposta pelo ritmo frenético do trabalho ou simplesmente alimentada por uma preguiça patológica, regresso com algumas palavras. Umas mais bonitas do que outras, mas não se pode agradar nem a gregos nem a troianos. Além do mais, o título desta crónica bem que podia ser o nome dum filme pornográfico dos anos 80, mas acabou por se traduzir nos parágrafos que se seguem.

Chegou o Verão. Aliás, começou a Silly Season. Nesta altura do ano, reabrem as melhores discotecas e bares do Algarve, o país ruma todo a Sul, esquecendo por momentos as tragédias e desgraças que assolam o dia-a-dia lusitano.
As redes sociais ficam inundadas de músicas românticas, de fotografias com pezinhos entrelaçados na areia (alguns pés são mesmo feios, diga-se de passagem), fotografias de passeios por esse Mundo fora, fotografias de festas, fotografias de tudo e de nada.
É também nesta altura do ano que se assiste a um grande volume de relações conjugais terminadas. O calor chama muitas melgas, o Sol faz mal à cabeça e as noites quentes convidam a facadas nas costas. 
Os meios de comunicação social incendeiam ainda mais a enorme fogueira que é o Verão português, com programas totalmente ridículos, manchetes de faca e alguidar e notícias que afinal não são notícias. Já para não falar dos incêndios e das microalgas.

O Verão português é um assunto bastante sério, pois há famílias que programam as suas férias com afinco e como recompensa do seu esforço ao longo do ano. É certo que nem todas as pessoas podem usufruir de férias fora da sua área de residência, pois a economia ainda se encontra de rastos. Mas aos poucos, vamos constatando que o português alterou o seu comportamento. Tornou-se mais racional. Vemos parques de campismo cheios, o turismo rural está a ganhar quota de mercado, as praias fluviais ganharam um novo protagonismo. O Zé Tuga, com o seu bigode farfalhudo, prefere sair da sua zona de residência, gastando menos do que no passado. Nem que isso implique almoçar e jantar massada de atum, cavala enlatada, salsichas com ovos e salada russa. E para acompanhar, uma garrafa de Mundus ou Porta da Ravessa.

A crise económica, a meu ver, veio redimensionar as expectativas e as ambições dos portugueses. Não podemos gastar mais do que aquilo que ganhamos. E isso implicar passar as férias em casa, tudo bem. Vai-se à praia a Magoito, à Ericeira, podemos dar um saltinho à linha de Cascais. Vamos ao cinema. Podemos comer uns scones estupendos em Sintra e aproveitar para visitar a Regaleira, Mouros e a Pena. E mais, trazer uma caixa de travesseiros e de queijadas para casa. 
A verdadeira essência do Verão Lusitano está na expansão da alma, da visão e dos sentidos. Portugal não é apenas o Algarve.
Vamos a Viana do Castelo ver os festejos da Nossa Senhora da Agonia, com aquele cortejo carregado de meninas bonitas cheias de ouro. E podemos ir comer um arroz de cabidela a Santa Marta de Portuzelo.
Vamos ao Porto, comer uma francesinha e beber uns finos. Passear junto ao cais de Gaia e conhecer as Caves dos vinhos. Visitar Serralves e o Parque da Cidade. E pelo meio, podemos ir às praias da Póvoa e de Vila do Conde. Já para não falar da vida nocturna...
Vamos a Óbidos, enfardar ginjas e petiscos medievais como se não houvesse amanhã. 
Vamos ao Alentejo, visitar as suas barragens e paisagens indescritíveis. Comer doces conventuais, gaspachos, ensopados, migas. Beber os vinhos de Reguengos, Estremoz e Borba. Acordar de ressaca, mas feliz da vida.
Vamos à Arrábida e a Tróia dar um mergulho.
Vamos ao Nordeste de Portugal. Vamos à Guarda, a Almeida, a Figueira de Castelo Rodrigo, onde somos sempre bem recebidos pelas suas gentes e onde podemos sentir o Portugal mais profundo que pode existir.
Vamos à Madeira e aos Açores, conhecer as suas gentes e as maravilhas naturais.

No fundo, deixemo-nos ir. Podemos apanhar o comboio, ir de autocarro, convidar amigos e dividir as despesas... sempre com a vontade de conhecer um pouco mais do nosso país.
O meu Verão passa pelas terras quentes do Algarve, um pouco de calor alentejano, mais um pouco de nevoeiro e vento nas praias de Sintra e Mafra (chapéus de sol na água e areia em todos os orifícios). E como se não bastasse, tenho um enorme prazer de ir às festinhas regionais, juntando os meus amigos nessas aventuras. As noites longas, com jantares intermináveis, geralmente são regadas com muita cerveja e vinho. As manhãs são dolorosas, as tardes são para hidratação e as noites são o culminar das frustrações acumuladas ao longo do ano.
Temos que aproveitar o melhor que este pequeno país tem para nos oferecer. Quem quiser, pode escolher outros destinos no estrangeiro. Mas o turismo interno tem vindo a ganhar um novo fôlego, pois tivemos que ajustar os nossos hábitos.

Sejam acima de tudo felizes nestas férias de Verão. Não se vitimizem, não se fechem em casa a ver programas de televisão deprimentes, não cortem os pulsos. O Sol ainda é grátis, bem como a praia. O resto vem por acréscimo, nomeadamente aqueles amigos que nos invadem a casa e que destroem o nosso frigorífico sem piedade.
Agarrem naquele livro que andam para ler há séculos e deixem-se levar pela história. A história de mais um Verão neste nosso Portugal. Com protector solar, se faz favor.

"Eu gosto desta terra. Nós somos feios, pequenos, estúpidos, mas eu gosto disto." {António Lobo Antunes}

Boas leituras,
GC


quarta-feira, 1 de maio de 2013

As Encruzilhadas da Vida


Interrompo o meu longo silêncio porque me deu este bichinho para voltar a escrever algumas palavras. O tempo não tem sido muito meu amigo nos últimos meses, mas hoje a vontade de me expressar falou mais alto.

Apesar de não saber bem o que escrever, lanço-me ao sabor do vento. Pode ser que as palavras surjam mais facilmente.
Os últimos meses não têm sido fáceis. Nada fáceis. Muito trabalho, poucas horas de descanso, stress atrás de stress, pouca paciência e vontade de mandar tudo pelos ares. Mesmo assim, posso dizer que no último ano cresci como pessoa. A entrada no mercado de trabalho foi e está a ser um teste de fogo, sobretudo numa área bastante desgastante e absorvente. Já sabia para onde ia e foi uma escolha ponderada, sem medos. O fundamental nesta fase da nossa vida passa por adquirir conhecimentos, fazer contactos e tentar juntar uns trocos. 
Reparamos que estamos mais independentes, pois temos o nosso dinheiro e respondemos perante as nossas responsabilidades e acções. Cada dia é uma prova diferente, com vários obstáculos e quebra-cabeças constantes.

Construir o nosso futuro não é uma tarefa que se faça de um dia para o outro. Sobretudo nesta fase crítica que Portugal atravessa. Ligamos a televisão ou a rádio e as notícias são desmotivantes, fazendo-nos pensar se vale mesmo a pena continuar a perseguir os nossos sonhos. Eu acredito que vale a pena. Há muito tempo que digo que o caminho a seguir passa por mais educação, mais valorização do capital humano, mais justiça social, pensar mais nos deveres no que nos direitos. Se calhar o mal é esse mesmo: pensar demasiado nos direitos, esquecendo que todos nós temos deveres por cumprir. Votar, pagar impostos, contribuir para o desenvolvimento económico e social do país. Podem-me chamar de fascista, de falar com a barriga cheia, de não conhecer a realidade do país. Pois bem, se calhar se deixássemos de pagar os Rendimentos Sociais de Inserção aos bêbedos, drogados, putas e ladrões para aumentarmos as pensões de quem realmente precisa, ou para incentivar a natalidade, talvez fossemos um país melhor. Isto também serve para os 'imigrantes' que andam por aí, sem trabalho, a pedir nas ruas e muitas vezes, a roubar o que é nosso. Pois bem, nada como metê-los num voo e enviá-los para as suas pátrias amadas, Roménias, Bulgárias, Moldávias, etc.
O que nos falta é 'tomates'. Não estou a falar daqueles demasiado maduros, que servem para fazer salada. Estou a falar dos outros.

Vivemos num Portugal com várias realidades diferentes. A realidade dos mais jovens não é fácil, face ao elevado desemprego, com poucas perspectivas de melhoria.
No meio disto tudo, vejo que sou uma pessoa com sorte. Mas a sorte trabalha-se. 
Sem dúvida que os últimos meses têm sido uma lição de humildade e de responsabilidade, mas só consigo avançar nesta encruzilhada que é a vida porque tenho os melhores ao meu lado. Chateio-me com facilidade, ando sob stress, pareço distante e muitas vezes volto à arrogância do antigamente. Mas depois vejo que o essencial é mesmo invisível aos olhos: o amor e o respeito que nos têm, o respeito e o amor que temos pelos outros. Isto parece demasiado sentimentalista. Se calhar é, mas é a minha verdade. Tenho uma família sem igual, que continua a crescer e que luta pelos seus objectivos. Tenho amigos que me chamam a atenção e que me criticam pelas minhas palavras e acções, porque na verdade se preocupam comigo. Tenho o respeito de muita gente. Não posso ter razões de queixa da minha vida.
Mas cá dentro tenho um pequeno aperto, que me faz questionar vezes sem conta se o rumo que levo será o mais correcto. Poderá ainda não ser, mais um dia será. Fazer aquilo que realmente me realiza: acrescentar valor aos outros e melhorar as suas perspectivas sobre a vida. 

Já sei a razão destas minhas palavras. A vida é uma estrada que é feita de altos e baixos, de pisos inconstantes, de jornadas longas e de momentos duros. Mas a essência da vida não está no ponto de chegada mas sim no caminho que fazemos até esse ponto. À medida que percorremos o nosso caminho, somos confrontados com muitas encruzilhadas. Somos forçados a escolher, a sofrer, a errar, a voltar a tentar e a seguir em frente. Levo comigo todos aqueles que estão ao meu lado, que só têm de mim aquilo que cativaram. Tudo o resto ficará para trás. Não podemos ter medo de assumir as nossas escolhas, porque o passado foi lá atrás e o presente está aqui e agora para ser vivido, sendo que esperamos sempre o amanhã.
A mudança é a coisa mais bonita da vida, mas continuamos a percorrer o caminho da escuridão e do descontentamento. É por estas e por outras que não passamos da cepa torta: sair da zona de conforto? Está quieto.
Mas a mim ensinaram-me uma coisa valiosa: a vida só se constrói com acção, sofrimento, coragem e dedicação. E sorte, mas esta é resultado das anteriores. E com tomates. 
Mãos à obra, que temos muitas encruzilhadas pela frente.

"Viver é a coisa mais rara do mundo - a maioria das pessoas apenas existe." {Oscar Wilde}

Boas leituras,
GC

 

segunda-feira, 11 de março de 2013

Pêro Pinheiro: 25 anos de Luta



Dois anos antes de eu nascer, a freguesia de Pêro Pinheiro já tinha sido constituída, fruto de uma grande ambição coletiva, que se traduziu numa luta suada, penosa, mas que no final teve o seu reconhecimento merecido.
Cresci nesta terra, onde fiz amigos para a vida, onde vivi grandes emoções e desilusões, onde sobretudo aprendi a respeitar os outros e a mim mesmo. No fundo, cresci com Pêro Pinheiro a meu lado e o meu sangue a esta terra pertence.

Naturalmente, a nossa freguesia sofreu grandes alterações nos 25 anos que se passaram entretanto desde a sua criação. Houve um grande investimento em infraestruturas básicas para a população, no sentido de garantir a utilidade pública e o apoio necessário às atividades económicas, sociais e culturais. Mas a nossa História não se resume a estes factos.
Pêro Pinheiro é a Capital do Mármore, sendo esta a sua principal marca de referência. A nossa identidade está espalhada pelas ruas de Lisboa, nos conventos e palácios de séculos passados, em lugares tão distantes como os Estados Unidos ou a Alemanha. Em cada bloco de pedra há uma história para contar, mas são as nossas pessoas que têm o dom de criar algo tão diferente e valorizado pelo país e mundo fora. O grande património da nossa freguesia não são esses blocos retirados das entranhas da terra nem as infraestruturas construídas: são as pessoas.

Como todos sabemos, Portugal atravessa uma grave situação económico-financeira, que gerou um impacto profundo na indústria da transformação dos mármores e granitos. Cada empresa que fecha representa uma farpa no coração de todos nós. O flagelo do desemprego e da discriminação social cresceu de forma galopante no nosso país, e a freguesia de Pêro Pinheiro não é exceção. Mas temos que ver para além dos problemas. A verdadeira solução para reverter as carências originadas pela crise está na união entre as pessoas e as coletividades da freguesia. Quer seja através do desporto, da música, da igreja, da solidariedade social, basta dar o primeiro passo para que muitos possam impulsionar as suas vidas.

O grande problema dos nossos fregueses ainda reside na inércia e na incapacidade de saírem da sua zona de conforto. Temos que pensar ‘out of the box’ (fora da caixinha), sair da nossa bolha e fazer algo de útil pela comunidade. Não devemos perguntar ‘o que Pêro Pinheiro pode fazer por nós’, mas sim, ‘o que nós podemos fazer por Pêro Pinheiro’. Nos meus 22 anos de vida, já representei duas coletividades da freguesia e participei noutras iniciativas locais. E ainda espero fazer mais e melhor. Posso dizer que acrescentei um grande valor à minha vida, pois conheci novas realidades dentro da minha própria freguesia, mas o mais importante foi ouvir as pessoas e as suas histórias. Aprendi sobretudo a respeitar os mais velhos e a valorizar o esforço individual de cada um.

Os jovens como eu devem perceber que há todo um mundo cá fora para ser descoberto, a começar pela nossa freguesia. A iniciativa não deve ser exclusivamente tomada pelos mais novos, mas também pelos pais ou encarregados de educação. As coletividades podem e devem captar este capital humano, para que a nossa Freguesia e vila se possa revitalizar. Só desta forma é que podemos criar relações sólidas e benéficas entre todos os intervenientes.

Ser jovem em Pêro Pinheiro é uma pequena batalha diária. As incertezas em relação ao futuro são muitas, sobretudo se estivermos a falar em perspetivas de emprego. Face à instabilidade sentida, a nossa Junta de Freguesia deve assumir um papel proactivo e tentar ajudar os mais novos a encontrarem um caminho certo, aproximando-os um pouco mais das suas expectativas e ambições. A chave para garantirmos a sustentabilidade económica e social da nossa freguesia está na formação (escolar, entenda-se) e na vontade de investir no nosso tecido empresarial. Aliando o capital humano à vontade e à irreverência, penso que os jovens de Pêro Pinheiro poderão fazer algo de significativo pela nossa Vila. Mas os jovens também não se podem esquecer que são parte integrante da solução, pelo que devem exercer de forma plena o seu direito de voto quando são chamados às urnas. O apelo à mudança deve ser feito com uma caneta e um boletim de voto e não com uma pedra de calçada na mão.

Hoje em dia, sinto um enorme orgulho por ser parte integrante da nossa Freguesia, pois levo comigo todas as pessoas e todos os lugares de Pêro Pinheiro. Quando me perguntam ‘de onde és?’, nunca respondo ‘Lisboa’ ou ‘Sintra’. Digo simplesmente ‘Pêro Pinheiro’. Não devemos sentir vergonha de o dizer, pois há 25 anos atrás houve um conjunto de pessoas que lutaram incessantemente para que a sua localidade aparecesse no Bilhete de Identidade, na carta de condução, nas certidões de nascimento dos seus filhos e netos, simplesmente como ‘Pêro Pinheiro’. A essas pessoas, devemos todo o legado que existe na nossa Freguesia. E como jovem, sinto o dever de respeitar esse legado e tenho a ambição de fazê-lo crescer.

Se valeu a pena termos chegado aqui? 'Tudo vale a pena quando a alma não é pequena'... e é nesta alma das pessoas de Pêro Pinheiro que está o segredo para a preservação do património edificado e imaterial. A nossa alma é também a força motriz para a construção de um futuro sustentável para todos os jovens e fregueses. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas juntos seremos mais fortes. Que venham mais 25!

GC

sábado, 22 de dezembro de 2012

2012: A Mudança


Chegou a hora de fazer o balanço do ano de 2012. Esta crónica é um misto de desabafos, constatações e desejos para o futuro, que decidi expressar da forma mais sincera e frontal. Embarquem na brisa destas palavras e deixem-se levar.

No dia 31 de Dezembro de 2011, tinha a perfeita noção que 2012 ia ser o ano do 'tudo ou nada'. A minha vida podia alterar-se radicalmente ou ficar congelada pelo fracasso. Sabendo de antemão que o caminho não era fácil, não baixei a cabeça e calcei uns ténis para percorrer uma estrada feita de altos e baixos, com partes frias e nebulosas, mas também com momentos amenos e agradáveis.

O primeiro grande acontecimento de 2012 foi o meu abandono do futebol. E posso-vos dizer que foi a decisão mais difícil da minha vida. Quem me conhece verdadeiramente, sabe dos sacrifícios que fiz e do empenho que coloquei ao longo de 9 anos. Mas este ano foi particularmente complicado, não só por estar num plantel sénior, mas também por estar num clube completamente novo para mim. A sorte esteve do meu lado. Mas a sorte trabalha-se. Dediquei-me a fundo ao Alcainça AC e trouxe de lá grandes amigos, dentro e fora das quatro linhas e das paredes do clube. Porque as pessoas têm muito mais para contar do que histórias de golos no último minuto ou de vitórias suadas. As pessoas têm histórias de vida, e quando tu queres investir nem que seja 5 minutos nessa pessoa, tudo muda.
Sinto falta do balneário, do sabor das vitórias, do vento e da chuva a baterem-me na cara, do espírito de grupo, dos sacrifícios invisíveis que fazemos. Mas no fundo, estes 9 anos ao serviço do futebol foram uma grande escola de vida. Pelas derrotas, injustiças e momentos menos felizes, mas sobretudo pelas vitórias suadas. E levo comigo todos aqueles que me fizeram crescer. A eles, um profundo obrigado.

O segundo acontecimento marcante do ano foi a finalização da minha licenciatura em Finanças e Contabilidade, no ISCTE-IUL. Fiquei mais um ano na faculdade para terminar 3 cadeiras em atraso, todas da área da Matemática. Mudei o meu 'mind-set' e enfrentei o Touro de caras. Investi mais tempo no estudo, esforcei-me para perceber as matérias em questão e responsabilizei-me pelo pagamento das minhas propinas. E na altura, estava prestes a assinar um contrato de trabalho. Em Junho, veio o reconhecimento final. Porque as barreiras são feitas para serem ultrapassadas, por cima ou por baixo, e desta vez, quis passar bem por cima. Foram 4 anos marcantes na minha vida, onde conheci pessoas das mais variadas confissões, orientações políticas, com diferentes perspectivas sobre a vida... e aprendi a respeitar as suas opções e pensamentos. Porque hoje em dia, o respeito está em desuso, mas eu faço questão de o utilizar. Um grande obrigado a todos aqueles que conviveram comigo e que levaram consigo um pouco de mim. Eu também levei comigo algo que não é possível quantificar: a amizade.

Depois chegou o Verão. Tinha a perfeita noção de que muito provavelmente seriam as minhas últimas grandes férias. Decidi fazer parte da Comissão de Festas da Freguesia e Paróquia de Pêro Pinheiro, só naquela de 'vamos lá então saber como é a sensação de organizar uma festa... e de calar muita gentalha que por aí anda'. Vesti o fato de macaco, trabalhei durante 10 dias em prol da minha terra e não cobrei um centavo. Porque só assim fez sentido. A minha recompensa foram os momentos inacreditáveis que passei antes e durante a festa. Sobretudo porque arrastei comigo os meus melhores amigos. Queria lá saber das dores nas pernas, nas costas, do cansaço, do cheiro a sardinhas e a cerveja, das poucas horas de sono... no fundo, o que eu queria ver era a satisfação na cara das pessoas por Pêro Pinheiro ter tido uma festa a condizer com a sua reputação.
Também não me vou esquecer da missa que foi feita em honra dos recém-licenciados. Sobretudo pela minha Mãe e pelo meu padrinho (o meu irmão Luís). Pela primeira vez em 22 anos da minha vida, vi uma ponta de orgulho na minha família por algo que eu tivesse feito. Porque nesta altura da minha vida, eu já não sou o puto mais novo, inconsciente e com um ar semi-rebelde e ressabiado. Para alguns da 'família', continuo a ser esse menino. Mas eu não faço disso o meu cavalo de batalha. Segui em frente.
Obrigado Nuno e David, que estiveram ao meu lado naquele momento tão simbólico.

Os restantes meses de Verão foram passados nas festas e romarias regionais. Todas e mais algumas. Rever velhos amigos, por a conversa em dia e ver bons concertos. Obviamente que a parte das ginjas e da cerveja na mão não poderia ser esquecida...
Muitos dias de praia, no Algarve ou aqui na zona de Sintra/Mafra, descanso e lazer. Que mais pode um homem pedir?

Em Setembro, chegou talvez o momento mais importante da minha vida. A entrada no mercado de trabalho. Tudo o que fizeste lá atrás, esquece. Tens que mostrar serviço, empenho e vontade de aprender se quiseres ser recompensado. Passas a trabalhar com pessoas novas, com métodos de trabalho muito variados e com diferentes níveis de desempenho. Depois, tens dois tipos de pessoas com quem trabalhas: aquelas pessoas arrogantes e de nariz empinado, que não te explicam as coisas e que perdem tempo contigo. E tens as pessoas que investem tempo contigo, que se sentam ao teu lado e tiram as tuas dúvidas e que se preocupam com o teu trabalho.
Até ao momento, está a ser uma experiência exigente, mas tenho mais razões para acreditar no lado positivo do que no lado negativo.
Basta continuar a trabalhar e dar o melhor.

No fundo, 2012 foi um ano de grande aprendizagem e crescimento. Aprendi que não tenho tempo para dramas e para questões superficiais. Aprendi a preocupar-me mais comigo. Aprendi que crescer custa, e muito, mas vale a pena pela experiência. Aprendi a dar valor a quem me dá valor. Aprendi a responsabilizar-me pelas minhas palavras e actos. Aprendi que nos dias menos felizes, devemos sempre partir em busca do amanhã, porque esse será melhor. Aprendi a ouvir as pessoas.

Levo comigo tudo aquilo que me fez crescer, errar, sofrer e amar. 
2012 foi o ano da mudança. Porque a mudança é a coisa mais bonita da vida.
Felizmente, o Mundo não acabou. E a minha família continua a crescer, com mais e mais sobrinhos.

Um enorme obrigado também à pessoa que sempre esteve a meu lado, em todos os momentos. Não é fácil aturar este mau feitio... 

Feliz Natal e um Próspero 2013 para todos! Não será um ano fácil, mas vamos todos desligar a televisão e deixar de ler notícias sensacionalistas. Há que enfrentar a realidade e pensar nas soluções e não nos problemas. Pede-se coragem, tenacidade e saúde.

P.S: um agradecimento final para os leitores do Sweet Dreams. Este projecto arrancou em Fevereiro de 2012, num misto de incerteza e de ansiedade. Penso que o balanço é positivo, não só pelo feedback que me foi dado mas também pelo número de visitas ao blogue.
Continuem a acompanhar as publicações em 2013!

Boas leituras,
GC

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A matéria prima para (Re)construir Portugal


A roda viva do trabalho deixa pouca margem para pensamentos mais profundos, mas mesmo assim, existe sempre aquela vontade de expressar o que vai na alma. Desta vez deixo-vos um texto da autoria de um escritor e ensaísta português falecido em 2007, onde todos nós somos retratados de uma forma audaz e sem pudor. Será normal se cada um de nós se identificar com algumas das palavras que se seguem. Afinal de contas, o estado de espírito de um português, é o mesmo de dois ou três.
Em breve, retomarei os textos da minha autoria mas por agora deixem-se levar na onda deste auto-retrato lusitano. 

"A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.
Diziamos que Sócrates não servia. E o que vier depois de Passos Coelho também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes, na farsa que é o Sócrates ou no silêncio de Cavaco. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.
 
Porque pertenço a um país onde a esperteza é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como noutros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal. E se tira um só jornal, deixando-se os demais onde estão.
Pertenço ao país onde as empresas privadas são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
 
Pertenço a um país:
- Onde a falta de pontualidade é um hábito
- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler' e não há consciência nem memória política, histórica nem económica)
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame
- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes
 
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Basta.
Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'chico-espertice' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós. Eleitos por nós. Nascidos aqui, não noutra parte...
 
Fico triste. Porque ainda que o Passos Coelho se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa ? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como nação, então tudo muda...
 
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro de que o encontrarei quando me olhar no espelho."

{Adapt. Eduardo Prado Coelho, 29/03/1944 - 25/08/2007}

Boas leituras,
GC

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A Força está na Vontade


De regresso para mais uma crónica, nem sempre é fácil escolher um tema para dissecar. Ou porque as ideias andam escassas ou porque não há muita disponibilidade para escrever. Mas felizmente consegui arranjar um tempo para expor as próximas ideias, que se debruçam sobre o nosso futuro. O pessoal e o profissional. Vamos lá então!

Pois é. Acabou-se a boa vida, aquela que tinha começado aos 6 anos de idade, quando entras para a escola primária, e que conhece um fim ao terminares a tua licenciatura ou mestrado. No meu caso, terminada a licenciatura, desfrutei ao máximo de três meses de férias, onde fiz um pouco de tudo. Fazer parte de uma comissão de festas, ir ao maior número possível de festas populares, passar dias a fio na praia, dormir como se não houvesse amanhã, jantares intermináveis com os amigos, desfrutar do Algarve... foram portanto 90 dias em alta rotação. Mas como todas as coisas boas têm um fim, está na hora de arregaçar as mangas e trabalhar.
A entrada para o mercado de trabalho marca o início de uma nova etapa nas nossas vidas, onde passamos a focar os nossos olhos noutros horizontes. Conhecemos novas pessoas, novas metodologias, novos conceitos, e sobretudo, a responsabilidade aumenta. A responsabilidade não é propriamente uma coisa má, antes pelo contrário, faz com que estejamos de olhos bem abertos, com o intuito de darmos o nosso melhor enquanto pessoa e colaborador de uma empresa.

Valorizo o facto de ter tirado uma licenciatura que me possibilitou arranjar emprego na respectiva área de formação, o que nos nossos dias, é algo cada vez mais difícil de encontrar. O mérito não é só de quem estuda, mas é também das faculdades e do seu reposicionamento no mercado universitário, com uma oferta de currículos mais vasta, que vai de encontro às necessidades das empresas. As empresas percepcionam esta mudança e focam o seu recrutamento para as universidades mais cotadas, no sentido de colmatar as lacunas de capital humano.
Aqui está outra perspectiva a ser analisada. Os Recursos Humanos deram lugar ao Human Capital, porque os colaboradores de uma empresa formam um capital essencial para o cumprimento de objectivos globais. Para além do capital financeiro e tecnológico, o capital humano deve ser a força motriz da economia, aliado a uma formação adequada, porque no fundo, quem possuí conhecimento tem na mão uma grande vantagem competitiva.
Depois deste devaneio teórico, passo a explicar. A formação académica e laboral são essenciais para o desenvolvimento social e económico de um país. Apesar do desemprego jovem ser elevado, sinto-me bastante contente por ver alguns dos meus amigos a ingressarem no mercado de trabalho, sinal de que o esforço financeiro e psicológico não foram em vão. Acredito sobretudo que é uma questão de atitude e de pró-actividade, porque as coisas não caem do céu. E mesmo aqueles amigos que ficaram para trás nos estudos, aperceberam-se que a aposta na formação é fundamental para melhorarem o seu nível de vida. Tudo para responder à pergunta: 'onde queres passar as tuas férias daqui a 20 anos?'. A resposta a esta pergunta está no empenho que colocamos no trabalho diário de cada um.

Tal como diz um senhor meio 'maluco', é preciso bater punho. Ficar fechado numa redoma não é definitivamente a solução. Talvez por isto, muitos jovens acabam por definhar à sombra da bananeira, porque os pais estendem demasiado a mão. Mas cada caso é um caso, e não convém generalizar.
Portugal está a atravessar um momento dificílimo na sua história e toda a gente protesta. Por tudo e por nada. Mas como pode um país estar bem de saúde, se o maior partido de todos é a abstenção? E porque razão as pessoas não exigem tanto dos políticos como exigem do Cristiano Ronaldo quando o rapaz falha um golo de baliza aberta? 
Por vezes, chamam-me 'extremista' e 'fundamentalista', mas na essência, é a minha maneira de ver o Mundo. Gosto demasiado de Portugal e prefiro ver o lado positivo das coisas. A questão aqui não é saber qual é o problema... mas sim a solução. E tipicamente, morremos afogados em problemas. 

O que mais me choca não é a greve dos autocarros, dos comboios, dos aviões ou dos barcos... mas sim a greve de espírito que se apoderou de todos nós. É por isso que desligo a televisão e passo a não ter paciência para os dramas psicadélicos de muita boa gente.
Depois destas palavras em jeito de desabafo, fica a ideia de que a formação é o maior investimento que se pode fazer... formação académica, profissional, mas também cívica. Porque a falta de civismo é muito feia e faz com que as pessoas andem de mau humor e deprimidas.

Nota final: caros leitores, como se devem ter apercebido, existe algum lapso temporal entre as minhas publicações. Esta nova etapa exige muita entrega e disponibilidade, mas sempre que me for possível, publicarei o que me vai na alma. Ficar quieto e calado é uma coisa que não me assiste, já dizia o outro rapazinho que se espalhou de skate.

'É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos... a vontade vence-os.' {Alexandre Herculano}

Boas leituras,
GC