sexta-feira, 15 de junho de 2012

Os ciclos da Vida


E o foi o final de mais uma etapa na minha vida. Ao fim de 4 anos de muito trabalho, esforço e dedicação, consegui terminar a minha licenciatura em Finanças e Contabilidade, no ISCTE-IUL. Agora segue-se o mundo do trabalho, mas antes gostaria de enaltecer e de agradecer a um conjunto de pessoas e de instituições que estiveram ao meu lado durante o percurso académico. Porque a vida só faz sentido se for vivida de forma preenchida e intensa.

Aos meus pais. Sem eles nada disto teria sido possível. O imprescindível apoio financeiro, não só para materiais, mas para propinas, transportes, refeições... foram incansáveis e fico-lhes bastante grato. Conseguiram formar 6 filhos, e esta é talvez a sua maior vitória. Os meus irmãos também tiveram um papel importante, motivando-me e dando-me vários conselhos que tive em conta.

Aos colegas de curso. São vários e seria injusto mencionar os nomes um a um, no risco de faltar alguém. Mas eles sabem quem me marcou neste percurso académico. Eles foram o ponto-chave de todo o sucesso. Conheci pessoas extraordinárias, mais velhas, mais novas, com diferentes perspectivas de vida e maneiras de pensar. Foi este o maior choque na transição do ensino secundário para a faculdade, mas como dizia Pessoa, 'primeiro estranha-se... depois entranha-se'. Os trabalhos de grupo, as aulas, os almoços, os desabafos, as piadas, as noites em Lisboa, o companheirismo e a vontade de fazer o melhor possível para ajudar o colega. Nunca tive fato académico nem fiz bênção das fitas, porque não fui muito ligado à tradição académica. Fui praxado e nada mais. Respeito quem siga os ideais académicos, pese embora muitos estudantes abusem do estatuto que uma capa e um fato lhes confere. Mas como esse não é o tema desta publicação, passemos à frente. Preferi vestir o fato-macaco ao longo destes 4 anos e as minhas fitas são as memórias que ficaram de todos os colegas, pois essas ninguém me as pode tirar. Um imenso obrigado a todos eles.

Aos amigos e amigas do coração. Aqueles que conheço há mais de 10 anos para cima e alguns mais recentes. Foram eles que aguentaram as minhas neuras, os meus desabafos e as minhas angústias. Estiveram sempre disponíveis para me ouvir, aconselhando-me da melhor maneira possível. Fizemos jantares intermináveis, corremos tudo o que era festa popular, fomos às noites longas de Lisboa, agarrámos nas bicicletas e percorremos vários trilhos, vivemos carnavais e natais em casa uns dos outros... Sem eles, a vida minha seria a preto e branco. Não vou mencionar novamente nomes, por uma questão de respeito. Mas deixo um profundo obrigado.

Ao Clube Atlético de Pêro Pinheiro e ao Alcainça Atlético Clube. Estas duas instituições fizeram parte do meu percurso académico, tanto como jogador, tanto como elemento das equipas técnicas. Nem sempre foi fácil conciliar o futebol com a faculdade, pois havia dias em que o cansaço físico e psicológico era tremendo. Mas foi graças ao futebol e às pessoas que conheci nos dois clubes que aprendi a valorizar o sentido de responsabilidade, transparência e organização. Sempre fui uma pessoa que exigiu o máximo de si, que gosta de ter os seus dias preenchidos, e acima de tudo, tento acrescentar um pouco de valor à vida das pessoas. E foram essas mesmas pessoas, que na sua maioria, sempre me fizeram ver o lado positivo da vida, encarando as derrotas com vontade de fazer mais e as vitórias com seriedade. Nesta pausa que fiz do futebol, olho para trás e sinto orgulho naquilo que construí. Mas o mais valioso é a amizade que ficou. Um por todos e todos por um. Obrigado pela grande escola de vida que me proporcionaram.

À minha namorada. Não é fácil lidar com a minha personalidade e com as minhas inseguranças, mas a trave-mestra sempre esteve lá quando precisei dela. Mais do que ninguém, acompanhou o meu percurso desde o 12º ano até ao final da faculdade. Passámos por tempestades, batemos com a cabeça na parede e enfrentámos várias críticas. Mas sobrevivemos e estamos cá para dar a cara. O maior agradecimento vai para ti, que sempre me apoiaste, sobretudo nas derrotas. E viveste as minhas vitórias como se fossem tuas. Defendeste-me das críticas como ninguém e choraste por mim. Penso que não existem maiores provas de amor do que aquelas que me deste. Esta vitória é para ti!

Chego ao final com um nó na garganta, pois recordar tudo aquilo que passei ao longo destes 4 anos faz-me ver o quanto cresci. Penso que não fiz nenhum inimigo, pois esse não é o meu cavalo de batalha. Cometi muitos erros, estive de joelhos no chão e perdi a esperança por várias vezes. Mas o que nunca se pode perder é a auto-estima e a capacidade de superação. A vida é uma questão de perspectivas e muitos dos nossos problemas comparados com os de outras pessoas... não são nada. Sempre fiz questão de ser o mais transparente possível com as pessoas que estiveram ao meu lado, porque esta é a minha maneira de estar na vida. 
Para os que terminaram a licenciatura este ano, espero que se revejam nalgumas destas palavras. Para os que ainda estão na faculdade, nunca se esqueçam da determinação e da vontade de provar a vocês mesmos que conseguem ultrapassar todas as barreiras. E para os que vão entrar no ensino superior, nada de ter medo, pois a vida é feita de ciclos e temos que saber olhar para o nosso futuro.

Segue-se uma etapa ainda maior na minha vida: a entrada para o mundo do trabalho. Porque estamos sempre a aprender, é com a máxima ambição e dedicação que encaro este desafio.

'O único lugar onde sucesso vem antes do trabalho... é no dicionário.' {Albert Einstein}

Boas leituras,
GC



segunda-feira, 4 de junho de 2012

Questões de Perspectiva

{Não será tudo uma questão de perspectiva?}


Chegámos ao mês de Junho. Verão, sol, calor, praia, jantares, amigos, diversão... e o começo da Silly Season. É aquela altura do ano em que as revistas se enchem de pessoas sociais altamente bronzeadas, em que as televisões fazem programas no exterior e onde o povo parece esquecer todos os males que o assola. Ou quase, porque para mim, Portugal está em Silly Season durante o ano inteiro.

Entristece-me a qualidade do nosso jornalismo. Não quero de forma alguma denegrir esta nobre profissão, e da qual tenho pessoas conhecidas a tirar o referido curso. Mas há algo que está azedo, e não é a sopa. Passo a explicar. As pessoas são inundadas todos os dias com notícias deprimentes, atrozes e sem o mínimo de interesse. Somos constantemente bombardeados com a taxa de desemprego, com as casas que são devolvidas aos bancos, com as famílias que pedem ajuda ao Banco Alimentar, com os assassinatos de irmãos por causa de heranças... Chega. Basta. É por isso que oiço cada vez mais rádio, pois não há a mensagem interpretativa que uma imagem nos pode passar. Não sei se isto é bom ou mau, mas prefiro sinceramente seguir as notícias pela rádio e internet.
A meu ver, já não tenho pachorra para o tempo de antena dedicado à selecção nacional, devido à participação no Euro2012. Chegámos ao cúmulo de ter o roupeiro da selecção (não é, mas podia ser) a fazer entrevistas a todos os jogadores. Falo do Daniel Oliveira, aquele gajo da Sic que faz a pergunta fatal: 'o que dizem os teus olhos?'. Os meus olhos dizem-me para desligar a televisão e ir fazer qualquer coisa de útil para a Humanidade e para Portugal.

O que é que me interessa saber se o Hugo Viana veste cuecas cor de rosa, se o Raul Meireles tem 134 tatuagens e uma cama que sai do tecto do quarto, se o Paulo Bento tem traumas de infância com penteados, se o Cristiano Ronaldo pinta as unhas ou se o Ricardo Quaresma vai para a feira da Malveira vender meias? Pior ainda, o que é que me interessa saber o que fazem as mães e as mulheres dos jogadores da selecção nacional? A resposta óbvia: vive tudo à mama.
É claro que fico chateado, como diz o outro. O povo, o Zé Povinho português, aquele mesmo povo que deu novos Mundos ao Mundo, que conseguiu instaurar uma República em 1910 e que fez uma revolução com cravos nas espingardas, assiste a esta dormência impávido e sereno. Caro leitor, o que é que me interessa ver a descolagem do avião da selecção para a Polónia, em directo na RTP? O que é me interessa saber se um casal de funcionários públicos já não vai passar férias ao Algarve este ano, por ter os salários congelados? Meus caros, o real drama pode estar na porta do lado, nos vossos vizinhos, que perderam o emprego, que têm contas para pagar e filhos para sustentar. Mas chega de fatalismos. É por isso que desliguei a televisão, estou farto de novelas e de apresentadores aos berros.

Existem mil e uma razões para acreditar que Portugal é um país com tremendo potencial. Ele está cá, mas nós é que ainda não sabemos. Porque não se fala dos atletas paraolímpicos que ganham medalhas lá fora? Porque não se fala das modalidades que trazem honras ao país, como o judo ou o remo? Porque não se fala das empresas exportadoras, que tentam todos os dias credibilizar o nome de Portugal pelo Mundo? Porque não se fala das IPSS e do tremendo esforço que fazem para levantar o ânimo de quem mais precisa? Porque não se fala dos empreendimentos de sucesso na área do turismo? Estão a perceber a coisa? Não, só o Judas Moutinho e o amor do Pepe por Portugal é que interessam.
A taxa de desemprego jovem assusta-me. Mas o que me assusta ainda mais é a inércia das pessoas. Deixam-se andar só porque sim, na expectativa que o dia de amanhã traga alguma coisa de melhor. Mas há que perceber que o Mundo é um lugar extremamente competitivo, onde esperar que chova num deserto é meia sentença de morte. Para de te queixar e faz alguma coisa. Valoriza-te. Erra, volta a tentar e segue em frente. A essência está aqui.

Por mais palavras que escreva, o nevoeiro que paira sobre as nossas cabeças nunca irá desvanecer. Somos os poetas fatalistas da Europa, cortadores de pulsos por excelência, os senhores e senhoras de frases feitas. Eu acredito no lado positivo das coisas, pois a vida é uma estrada imensa que nos permite escolher as saídas e entradas que pretendemos. Não me venham com os 'ses' e os 'mas'... a vida é mesmo para ser vivida. E eu prefiro acrescentar-lhe valor aproveitando os pequenos prazeres. E desligando a televisão.
Compete às pessoas saírem deste marasmo, desta pequenez que é feita por nós mesmos, do 'coitadinho' e do 'deixar para amanhã o que se pode fazer hoje'.

Sinto-me inconformado, e inconformado sentir-me-ei para sempre. Mas esta boca e estes dedos não se refugiam na escuridão. Talvez alguém se reveja nestas palavras e essa é a minha principal vitória. Fazer ver a vida com outros olhos, nem que seja por 14 segundos.

E não se esqueçam: mexam-se, sintam-se vivos, errem, sigam em frente e façam melhor. Como diz a música dos Silence4... 'I guess i'll try again tomorrow'.

Boas leituras,
GC