quarta-feira, 1 de maio de 2013

As Encruzilhadas da Vida


Interrompo o meu longo silêncio porque me deu este bichinho para voltar a escrever algumas palavras. O tempo não tem sido muito meu amigo nos últimos meses, mas hoje a vontade de me expressar falou mais alto.

Apesar de não saber bem o que escrever, lanço-me ao sabor do vento. Pode ser que as palavras surjam mais facilmente.
Os últimos meses não têm sido fáceis. Nada fáceis. Muito trabalho, poucas horas de descanso, stress atrás de stress, pouca paciência e vontade de mandar tudo pelos ares. Mesmo assim, posso dizer que no último ano cresci como pessoa. A entrada no mercado de trabalho foi e está a ser um teste de fogo, sobretudo numa área bastante desgastante e absorvente. Já sabia para onde ia e foi uma escolha ponderada, sem medos. O fundamental nesta fase da nossa vida passa por adquirir conhecimentos, fazer contactos e tentar juntar uns trocos. 
Reparamos que estamos mais independentes, pois temos o nosso dinheiro e respondemos perante as nossas responsabilidades e acções. Cada dia é uma prova diferente, com vários obstáculos e quebra-cabeças constantes.

Construir o nosso futuro não é uma tarefa que se faça de um dia para o outro. Sobretudo nesta fase crítica que Portugal atravessa. Ligamos a televisão ou a rádio e as notícias são desmotivantes, fazendo-nos pensar se vale mesmo a pena continuar a perseguir os nossos sonhos. Eu acredito que vale a pena. Há muito tempo que digo que o caminho a seguir passa por mais educação, mais valorização do capital humano, mais justiça social, pensar mais nos deveres no que nos direitos. Se calhar o mal é esse mesmo: pensar demasiado nos direitos, esquecendo que todos nós temos deveres por cumprir. Votar, pagar impostos, contribuir para o desenvolvimento económico e social do país. Podem-me chamar de fascista, de falar com a barriga cheia, de não conhecer a realidade do país. Pois bem, se calhar se deixássemos de pagar os Rendimentos Sociais de Inserção aos bêbedos, drogados, putas e ladrões para aumentarmos as pensões de quem realmente precisa, ou para incentivar a natalidade, talvez fossemos um país melhor. Isto também serve para os 'imigrantes' que andam por aí, sem trabalho, a pedir nas ruas e muitas vezes, a roubar o que é nosso. Pois bem, nada como metê-los num voo e enviá-los para as suas pátrias amadas, Roménias, Bulgárias, Moldávias, etc.
O que nos falta é 'tomates'. Não estou a falar daqueles demasiado maduros, que servem para fazer salada. Estou a falar dos outros.

Vivemos num Portugal com várias realidades diferentes. A realidade dos mais jovens não é fácil, face ao elevado desemprego, com poucas perspectivas de melhoria.
No meio disto tudo, vejo que sou uma pessoa com sorte. Mas a sorte trabalha-se. 
Sem dúvida que os últimos meses têm sido uma lição de humildade e de responsabilidade, mas só consigo avançar nesta encruzilhada que é a vida porque tenho os melhores ao meu lado. Chateio-me com facilidade, ando sob stress, pareço distante e muitas vezes volto à arrogância do antigamente. Mas depois vejo que o essencial é mesmo invisível aos olhos: o amor e o respeito que nos têm, o respeito e o amor que temos pelos outros. Isto parece demasiado sentimentalista. Se calhar é, mas é a minha verdade. Tenho uma família sem igual, que continua a crescer e que luta pelos seus objectivos. Tenho amigos que me chamam a atenção e que me criticam pelas minhas palavras e acções, porque na verdade se preocupam comigo. Tenho o respeito de muita gente. Não posso ter razões de queixa da minha vida.
Mas cá dentro tenho um pequeno aperto, que me faz questionar vezes sem conta se o rumo que levo será o mais correcto. Poderá ainda não ser, mais um dia será. Fazer aquilo que realmente me realiza: acrescentar valor aos outros e melhorar as suas perspectivas sobre a vida. 

Já sei a razão destas minhas palavras. A vida é uma estrada que é feita de altos e baixos, de pisos inconstantes, de jornadas longas e de momentos duros. Mas a essência da vida não está no ponto de chegada mas sim no caminho que fazemos até esse ponto. À medida que percorremos o nosso caminho, somos confrontados com muitas encruzilhadas. Somos forçados a escolher, a sofrer, a errar, a voltar a tentar e a seguir em frente. Levo comigo todos aqueles que estão ao meu lado, que só têm de mim aquilo que cativaram. Tudo o resto ficará para trás. Não podemos ter medo de assumir as nossas escolhas, porque o passado foi lá atrás e o presente está aqui e agora para ser vivido, sendo que esperamos sempre o amanhã.
A mudança é a coisa mais bonita da vida, mas continuamos a percorrer o caminho da escuridão e do descontentamento. É por estas e por outras que não passamos da cepa torta: sair da zona de conforto? Está quieto.
Mas a mim ensinaram-me uma coisa valiosa: a vida só se constrói com acção, sofrimento, coragem e dedicação. E sorte, mas esta é resultado das anteriores. E com tomates. 
Mãos à obra, que temos muitas encruzilhadas pela frente.

"Viver é a coisa mais rara do mundo - a maioria das pessoas apenas existe." {Oscar Wilde}

Boas leituras,
GC