segunda-feira, 26 de março de 2012

A Honestidade tem um Preço


Depois de um breve interregno nas minhas publicações, devido a questões académicas, estou de volta para escrever umas palavras ao sabor do vento e das temperaturas amenas que andam por estas paragens. E nada mais auspicioso do que falar em honestidade e frontalidade para começar a semana em grande. Ou não.

Ultimamente, tenho me deparado com um conjunto de situações que me deixaram incrédulo, estupefacto e ao mesmo tempo, estupidificado. Estão a ver aquele momento das vossas vidas em que vocês são sempre honestos, dão a mão ao amigo, são frontais na hora certa e não têm medo de dizer um 'Não'? Pois bem, parece me que a sociedade condena este tipo de pessoas, renegando-as e olhando-as de lado. Geralmente, uma pessoa honesta acaba sempre por ser prejudicada (para não dizer outra palavra menos bonita), porque quando estende a mão tem tendência a ficar logo sem o braço. E isto tem vindo a acontecer com alguma frequência na minha vida, fazendo me pensar da seguinte forma:

a) serei eu demasiado ingénuo?
b) deverei ser feio, porco, mau e sujo como a globalidade das pessoas, de maneira a não ser prejudicado?
c) as pessoas serão felizes vivendo na mentira, na falsidade e transparecendo uma imagem distorcida?
d) quais as perspectivas futuras?

Pois bem, estas perguntas surgiram na minha cabeça, sendo uma extensão do que se tem passado na minha vida. 
a) Admito que possa ter errado em algumas situações, e nesses casos, dou sempre o braço a torcer, assumindo as minhas responsabilidades. Ninguém nasce ensinado e as pessoas têm direito ao erro, porque esta é uma das formas estruturantes da personalidade de um indivíduo. Admito que não gosto de errar, e faço sempre as coisas de forma a evitar percalços, mas não fujo na hora de dar a cara. E é com grandes tombos que abrimos os olhos para a realidade, pois acredito de forma veemente que os erros são sinais que devem ser interpretados de forma séria. Sinais esses que nos podem levar a um novo rumo, a novas ideias ou simplesmente subir a um novo patamar, porque errar faz parte do processo evolutivo das pessoas e faz com que estas tenham momentos de introspecção, que originam as tomadas de decisão (tema este já abordado aqui no Sweet Dreams).

b) No que diz respeito à parte do feio, porco, mau e sujo, recuso me a enveredar por esse caminho, porque felizmente tive uma educação que me permite saber distinguir os dois lados da barricada, se bem que por vezes as fronteiras são bastante ténues. Prefiro continuar a ser honesto, verdadeiro, transparente e objectivo, porque isto me faz andar de consciência tranquila. Haverá algo melhor do que nos deitarmos à noite, mergulhar a cabeça na almofada e saber que temos a consciência tranquila?
Muitas vezes, as pessoas condenaram me por certas atitudes e decisões que tomei ao longo da minha vida, e admito que nem sempre foi fácil lidar com este tipo de situações.
Tenho tendência a tornar me numa pessoa arrogante e fria para quem não compreende ou respeita as minhas decisões, mas prefiro ser assim. Mesmo que venha a ser prejudicado. Só eu e a minha almofada é que sabem o que vai na minha mente.
Há que saber distinguir o bom do mau, o certo do errado, o justo do injusto, o verdadeiro ou falso, mas esta Ética da vida é subjectiva e está particularmente ligada à educação e à formação pessoal de cada um.
Neste capítulo, tenho sabido diferenciar as coisas, mas nem sempre foi fácil, nem nunca será. Não existem linhas de valor acrescentado (aqueles números de telefone tipo 707 200 300) que nos possam auxiliar nestes pormenores, só a experiência de vida nos pode elucidar sobre estes factos.

c) Relativamente a este ponto, penso que as pessoas são mesmo felizes vivendo na mentira e na falsidade. O conceito de 'felicidade' é subjectivo, mas tenho assistido a casos que me tiram do sério. Convenço me cada vez mais que as pessoas são estúpidas, parvas, ignorantes e presunçosas, falando de coisas que não sabem, condenando as pessoas sem conhecerem os factos e saindo de forma triunfal de cada argumentação. Se há coisa que valorizo na minha personalidade é a capacidade de ser melhor ouvinte do que orador. Gosto de ouvir as pessoas falar, porque é desta forma que traço o seu perfil psicológico. A maneira como articulam as frases, os pensamentos, os gestos e a postura corporal são tudo sinais que me auxiliam neste processo. E tenho encontrado várias formas de diarreia verbal, de falta de sentido de presença e de presunção.
As pessoas são falsas e desonestas, mas são felizes dessa forma. Já me convenci deste facto. Talvez porque a realidade seja nua e crua, dolorosa e impiedosa, mas prefiro aprender com os momentos difíceis e com os meus erros do que seguir por um caminho plano, enfeitado de pétalas e de rosas, mas que ao fim ao cabo, vai dar a um beco sem saída. Às vezes penso que a minha vida é uma corrida e que tenho de subir Cheleiros, a Serra de Sintra, a Sra da Graça ou a Torre, para provar a mim mesmo que consigo superar um obstáculo.
As pessoas são falsas, mentirosas, desonestas e sobretudo estúpidas porque não saem da sua zona de conforto e têm medo de arriscar, de serem fundamentalmente felizes. Porque a felicidade é um caminho cheio de silvas e de espinhos, mas que no final vale por todo o esforço, sangue, suor e lágrimas derramados. É um cliché. Talvez seja, mas eu estou me nas tintas para isso. Eu quero é que tu, caro leitor, desse lado, sejas feliz. A mentir ou a ser honesto, porque no futuro haverá sempre consequências para quem adopta posturas diferentes, consoante a sua Ética pessoal.

d) O meu último ponto prende se com o futuro. O futuro é como uma caixa de chocolates, nunca sabemos o que vamos encontrar lá dentro, fazendo uso das palavras do Forrest Gump (um dos filmes da minha vida). Da minha parte, poderão contar com o mesmo rapaz de sempre. Frontal, honesto e verdadeiro, disposto a ajudar quem realmente precisa de ajuda. Prefiro ouvir os meus amigos, as suas dores e as suas frustrações, pois é desta forma que ficamos a conhecer verdadeiramente quem temos do outro lado. Não compactuo com pessoas falsas, mentirosas e medíocres, porque o meu tempo é precioso e só o gasto com quem me parecer justo.
Irei ser pisado muitas vezes, devido a esta postura de honestidade. A honestidade tem um preço a pagar, e às vezes ficamos em dívida para connosco mesmos. Mas dar o corpo às balas é algo que fui aprendendo com o tempo, e talvez seja este facto que me tenha tornado na pessoa que sou hoje em dia. 
Saber dizer 'Não' é a palavra dos fortes, porque dizer 'Sim' apenas por conveniência e para agradar a terceiros será sempre a palavra dos fracos e dos inertes.

No fundo, são estas as minhas linhas gerais de pensamento, sem quaisquer rodeios. Cheguei à conclusão que nunca irei dar para político ou gestor, porque sou honesto demais e por recusar a adoptar certas posturas divergentes à minha personalidade. Também penso que muitas pessoas sabem quem eu sou, mas apenas poucas me conhecem verdadeiramente. E é a essas pessoas a quem dedico estas palavras, porque são elas que me confrontam com a realidade, que me ouvem e que acreditam naquilo que eu tenho para dar ao Mundo. A minha honestidade.

'Só as pessoas superficiais sabem do que são feitas'. {Oscar Wilde}

Boas leituras,
GC

Sem comentários:

Enviar um comentário