quarta-feira, 7 de março de 2012

Há Vida para Além do Vício

 {Whitney Houston, 1963 - 2012}

Continuando dentro da senda dos temas sensíveis, hoje no Sweet Dreams venho vos falar de um flagelo que é transversal a toda a sociedade e que nos é bastante familiar, de alguma forma: a Droga. Não sendo um especialista formado nesta área, irei basear as minhas opiniões e os meus pontos de vista nas experiências e nas vivências daqueles que já estiveram nas suas malhas. Vamos a isso, sem medos. 

Hoje em dia, vivemos num mundo altamente tecnológico, onde podemos encurtar distâncias entre países e pessoas, facilitando se todo o processo de comunicação. As pessoas baseiam a sua filosofia de vida no Hedonismo, que consiste na busca do máximo prazer e da satisfação pessoal, numa tentativa de elevar os índices de confiança e auto – estima. Estes factores que acabei de referir vieram contribuir de sobremaneira para a difusão do negócio da droga, mas não só. Os altos interesses, o dinheiro envolvido, a facilidade de produção e de compra e uma legislação fraca também são factores que não devem ser colocados de lado. Há dias, estava nas minhas actividades de zapping pela TvCabo, e apanhei no Discovery Channel um documentário sobre os efeitos das várias drogas no corpo humano. Os testes incidiam sobre a capacidade física, de reacção e raciocínio. E fiquei deveras impressionado com tudo aquilo, interrogando me como seria possível as pessoas entrarem naquela vida, dando me forças para construir esta crónica. 

A definição da palavra ‘Droga’ é bastante ampla, e por vezes difícil de interpretar, mas segundo as minhas pesquisas, droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética, que introduzida no organismo modifica as suas funções, levando a pessoa em casos extremos a uma dependência química. Cocaína, heroína, LSD, marijuana, ecstasy, cogumelos e muitas mais. Sinceramente, não vejo grandes diferenças entre as drogas leves e as drogas pesadas, pois ambas causam dependência, que pode ser nefasta para o consumidor. Quando me perguntam se sou a favor da despenalização das ditas drogas leves, eu respondo: ‘mas tenho cara de Bloco de Esquerda? Claro que não!’. Algo vai mal neste país, ao existirem pessoas que pensam que as drogas devem ser despenalizadas. Os encargos sociais são elevadíssimos, sobretudo para o SNS e para as famílias que tanto sofrem com este flagelo. 
Sou contra a despenalização das drogas por vários motivos. Já referi os encargos sociais, mas também posso apontar os efeitos subvertidos que essa despenalização poderia ter para a população mais jovem, sempre vulnerável quando se fala de droga. 
O consumo de droga é tendencialmente prejudicial à saúde mas também ao desenvolvimento psicomotor e social dos mais jovens. Podemos todos entrar numa espiral sem fim, com o aumento dos comportamentos de risco, sobretudo ao nível sexual, mas sobretudo com a distorção dos objectivos de vida e de metas para o futuro, que vão ficando pelo caminho em detrimento do vício. 

A melhor forma de alertar os mais jovens para os perigos do consumo de droga passa por uma política de proximidade, junto das escolas, com palestras de esclarecimento ou com a introdução do tema nalguma disciplina. As campanhas de choque na comunicação social também são uma ferramenta ao dispor das entidades responsáveis (Instituto da Droga e da Toxicodependência), que infelizmente não tem sido utilizada tantas vezes como desejável. 
A educação que os jovens têm em casa é uma condição sine qua non para o futuro, que serve de base para se abordar este tema com a maior das naturalidades. Como devem saber, todos nós passamos uma certa fase nas nossas vidas em que nos entregamos aos prazeres da boémia, com álcool, tabaco, drogas e sexo sem fim. Tive a felicidade (sim, a felicidade) de passar por esta fase, aos 17 anos, que me fez abrir os olhos de uma maneira sem precedentes. Consegui parar para pensar e obviamente vi que o caminho que estava a tomar não era o mais correcto. O álcool em excesso, combinado com ‘substâncias mais leves’ tiveram os seus dias de glória, mas a racionalidade em prol do meu bem estar falou mais alto. Referi lá atrás a palavra ‘felicidade’ porque esta experiência que passei veio enriquecer a minha vida e servirá de exemplo para os meus amigos e para os meus filhos, que um dia espero vir a ter (não tantos como a minha Mãe teve, verdade seja dita!). 
É verdade, já andei metido neste mundo sombrio, mas não foi nada de grave, porque sempre soube distinguir a barreira do razoavelmente aceitável e do excesso, que me foi incutida em casa, como não poderia deixar de ser. 

Tal como na situação do aborto, reconheço que possam existir excepções ao uso das drogas. Se estas forem utilizadas no âmbito da Medicina, com o intuito de reduzir a dor ou de prolongar a qualidade de vida do doente, sou a favor do seu uso. Existe também a perspectiva que muitos medicamentos são drogas em si, devido ao grau de dependência que criam nas pessoas, mas esses fundamentos ultrapassam me, sendo que não me vou pronunciar acerca deles. 

Conheço casos de pessoas que tiveram uma relação próxima, muito próxima com a droga, sendo quase impossível estabelecer uma comparação com o meu caso, pois essas pessoas viveram situações N vezes piores do que a minha. Um desses casos é-me bastante próximo, pois foi vivido por um dos meus melhores amigos, que entrou nas drogas muito cedo, sendo que a família dele foi dizimada por este mal. Felizmente, caiu, bateu com a cabeça, levantou se e viu que havia todo um mundo lá fora para explorar. Hoje, é uma das minhas referências pessoais, mostrando ser um poço de determinação, irreverência e de coragem para enfrentar as barreiras da vida, tanto no nível pessoal como no nível laboral. 
Penso que todos nós conhecemos casos de pessoas que viveram experiências com as drogas, e espero que estejamos elucidados com os exemplos que os outros nos dão. 

Neste momento, sinto me bastante à vontade para falar sobre o tema da crónica, pois o passado e as experiências próprias e de terceiros vieram trazer mais conhecimento aos meus pontos de vista. Como já leram, sou contra a despenalização das drogas, quer elas sejam leves ou pesadas, e não acho justo existirem tratamentos com metadona subsidiados pelo Estado quando temos doentes com diabetes a comprar a insulina e os respectivos instrumentos de medição sem qualquer comparticipação. Por consequência, também sou contra a criação das salas de chuto. 
Como já disse, a formação sobre a temática da droga, conjugada com campanhas de sensibilização, são peças – chave para conter esta hemorragia que afecta a nossa sociedade. Obviamente que eu gostaria de ver a polícia e a Justiça a agirem de mãos dadas, mas meus caros, vivemos em Portugal, e ainda há muito caminho a desbravar nesse sentido. Acredito que poderia existir mais fiscalização por parte das polícias, mas os recursos são limitados. 
A responsabilidade de consumir drogas parte de cada um, e todas as consequências das decisões tomadas devem ser imputadas ao consumidor, mas a sociedade não deve negligenciar a situação, pois no dia de amanhã pode ser um vizinho, um amigo ou um familiar nosso a cair nas teias do vício.

As minhas palavras também são limitadas e estão a caminhar para o seu término. Resta me acrescentar que também possuo vícios, e eles passam pela sede de viver e pela vontade de construir o futuro. 
Mas agora mais a sério, a minha família, amigos, o futebol, os jantares intermináveis regados com bom vinho ou cerveja, a música de qualidade, o sexo e a vontade de aprender são os meus vícios, aqueles que realmente vale a pena perder a cabeça. Felizmente, há vida para além do vício.

O CD do Ben Harper está no fim e eu vou estudar, porque a minha vida não é isto. 

"O mal não está em ser tentado, está em ser vencido." {Padre António Vieira} 

Boas leituras, 
GC

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