sexta-feira, 30 de março de 2012

A Educação dos nossos Jovens

{Cinema Paradiso, 1988}

Depois de um certo marasmo e de andar para aqui sem nada para fazer, já que iniciei hoje a minha pausa lectiva da Páscoa, decidi abordar um tema bastante em voga nos dias de hoje e que levanta os cabelos a muito boa gente: a Educação. Não me responsabilizo por palavras mais irónicas ou até incendiárias. Estava a brincar, é claro que assumo tudo o que escrevo neste espaço. Vamos a isso.

Os recentes acontecimentos em Lloret del Mar vieram despertar a atenção, mais uma vez, da imprensa, dos pais e dos psicólogos acerca da necessidade de enquadrar os nossos jovens numa educação mais rigorosa e disciplinada. A morte deste jovem em Espanha desencadeou uma série de alertas em relação às viagens de finalistas, mas principalmente, à educação que é incutida nos mais novos.
Pessoalmente, acho desnecessárias este tipo de viagens para o estrangeiro, já que em tempos de crise, os pais deveriam colocar a mão na sua consciência e serem racionais em termos dos gastos familiares. Portugal tem uma rede de pousadas da juventude, de hostels, de turismo de natureza, rural e até radical. Mas não. Vamos enviar os nossos filhos lá para fora, ao doce sabor do vento, para se embebedarem, fumarem charros, snifar cocaína e fornicar com 7, 9 ou até 12 raparigas/rapazes num espaço de uma semana.
Pessoalmente, só fui a uma viagem de finalistas na minha vida, no 9º ano. Lá fomos nós todos divertidos, para um campo de férias para os lados do Cadaval. E até foi porreiro. No 12º ano, estava mais preocupado em terminar o meu estágio curricular do que propriamente pensar em viagens e bebedeiras. E até hoje, continuo feliz com a minha vida.

Em relação à educação, eu tenho uma opinião bastante própria sobre este tema. Para mim, a educação dá se em casa e a formação nas escolas. Todos aqueles pais que pensam que os filhos devem ser educados pelos professores deveriam ser multados por estupidez e por falta de responsabilidade. Desde cedo, cá em casa, eu e os meus irmãos recebemos a educação adequada e necessária para enfrentar o mundo lá fora. Nunca precisámos de ir ao psicólogo nem a consultas de aconselhamento familiar, porque bastava cometer um erro, já tinha a minha mãe com a mão no ar para fazer uma suave e delicada aterragem na minha face. E só bastou apanhar da minha mãe uma vez, para perceber como me comportar. Também vi a minha mãe a aproximar a sua mão delicada junto da cara de um dos meus irmãos, e a partir daí, o respeito passou a fazer parte do menu diário.
O meu pai nunca me bateu, mas é bastante rígido e inflexível em certo tipo de situações, daí existir respeito e vontade de fazer bem.

Hoje em dia, as crianças e jovens manipulam os pais, fazem nos sofrer, chupam lhes o dinheiro, a paciência e capacidade de aplicar medidas correctivas. É por isso que a grande maioria dos jovens de hoje em dia é cobarde, ignorante presunçoso. Fazem com que os pais os vão buscar às discotecas, que lhes dêem dinheiro para álcool, tabaco e outros afins. Pedem Ipad's, Iphones e mais dinheiro ainda. E os pais, que não se estão para chatear, acedem a todos os pedidos dos meninos.
Eu nunca recebi prendas por passar de ano, pois os meus pais diziam, e ainda dizem, que ser estudante é o meu emprego e que eu tenho a obrigação de ser bom naquilo que faço. E assim foi. 
A responsabilização dos actos e das atitudes dos nossos filhos e a autonomia que lhes é conferida são valores que devem ser ensinados desde tenra idade. Sempre tive liberdade nas minhas acções, escolhas, nas minhas saídas à noite e nas minhas palavras, mas já sabia que toda a responsabilidade estaria do meu lado. E ainda está. E quando se falha, é preciso ser repreendido e assumir a nossa culpa, coisa que os meninos e meninas de hoje não sabem o que é.

A formação é tarefa das escolas, através dos planos curriculares, e representa uma peça - chave no desenvolvimento psicológico, emocional e até físico dos nossos jovens. Os professores devem estimular a aprendizagem e acompanhar os seus alunos ao longo do percurso lectivo, incutindo métodos de trabalho e de estudo rigorosos, eficientes e eficazes. Este factor aliado à educação que se recebe em casa são elementos preciosos para garantir a sustentabilidade do futuro dos nossos jovens. 
Os jovens devem perceber que as coisas não caem do céu, e que é preciso valorizar o muito esforço que alguns pais fazem para garantir que nada falta aos seus filhos. Mas também devem perceber que podem contribuir para uma sociedade melhor, revendo os seus comportamentos, aumentando a sua formação e participando no processo democrático, vulgo, eleições.

Acredito que estas últimas notícias tenham reaberto um espaço de debate na sociedade portuguesa, onde pais, filhos, escolas e Estado não se devem desresponsabilizar das suas funções básicas. Acredito que o futuro será melhor, pois conheço casos de sucesso, onde pais mais incutem os valores da responsabilidade, da verdade e do trabalho. O mérito escolar, e até mesmo extra-curricular (desporto, música, voluntariado...) devem ser valorizados, para que os nossos jovens aprendam esta cultura de rigor, que será importante para o seu futuro. 
Olho para os meus sobrinhos e vejo que o futuro está ali, e bem sei que os meus irmãos dão o máximo no sentido de lhes garantirem a melhor educação e formação. E a minha Mãe, que ao mesmo tempo é Avó babada, continua com os seus instintos afinados, pois corrige, ralha, protesta e chama a atenção, mas o seu amor é inegável, bem como a sua missão: transmitir os valores que referi lá atrás.

Depois destas palavras, acho melhor ir cortar o cabelo ao salão da minha Cunhada. Mas só porque tenho o cabelo grande e não gosto nada de andar despenteado com este vento (se bem que já tenho saudades dos calendários eróticos do meu barbeiro, alguns ainda de 1997).

'Nem todos podem tirar um curso superior. Mas todos podem ter respeito, alta escala de valores e as qualidades de espirito que são a verdadeira riqueza de qualquer pessoa.' {Alfred Montapert}

Boas leituras,
GC



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