sábado, 22 de dezembro de 2012

2012: A Mudança


Chegou a hora de fazer o balanço do ano de 2012. Esta crónica é um misto de desabafos, constatações e desejos para o futuro, que decidi expressar da forma mais sincera e frontal. Embarquem na brisa destas palavras e deixem-se levar.

No dia 31 de Dezembro de 2011, tinha a perfeita noção que 2012 ia ser o ano do 'tudo ou nada'. A minha vida podia alterar-se radicalmente ou ficar congelada pelo fracasso. Sabendo de antemão que o caminho não era fácil, não baixei a cabeça e calcei uns ténis para percorrer uma estrada feita de altos e baixos, com partes frias e nebulosas, mas também com momentos amenos e agradáveis.

O primeiro grande acontecimento de 2012 foi o meu abandono do futebol. E posso-vos dizer que foi a decisão mais difícil da minha vida. Quem me conhece verdadeiramente, sabe dos sacrifícios que fiz e do empenho que coloquei ao longo de 9 anos. Mas este ano foi particularmente complicado, não só por estar num plantel sénior, mas também por estar num clube completamente novo para mim. A sorte esteve do meu lado. Mas a sorte trabalha-se. Dediquei-me a fundo ao Alcainça AC e trouxe de lá grandes amigos, dentro e fora das quatro linhas e das paredes do clube. Porque as pessoas têm muito mais para contar do que histórias de golos no último minuto ou de vitórias suadas. As pessoas têm histórias de vida, e quando tu queres investir nem que seja 5 minutos nessa pessoa, tudo muda.
Sinto falta do balneário, do sabor das vitórias, do vento e da chuva a baterem-me na cara, do espírito de grupo, dos sacrifícios invisíveis que fazemos. Mas no fundo, estes 9 anos ao serviço do futebol foram uma grande escola de vida. Pelas derrotas, injustiças e momentos menos felizes, mas sobretudo pelas vitórias suadas. E levo comigo todos aqueles que me fizeram crescer. A eles, um profundo obrigado.

O segundo acontecimento marcante do ano foi a finalização da minha licenciatura em Finanças e Contabilidade, no ISCTE-IUL. Fiquei mais um ano na faculdade para terminar 3 cadeiras em atraso, todas da área da Matemática. Mudei o meu 'mind-set' e enfrentei o Touro de caras. Investi mais tempo no estudo, esforcei-me para perceber as matérias em questão e responsabilizei-me pelo pagamento das minhas propinas. E na altura, estava prestes a assinar um contrato de trabalho. Em Junho, veio o reconhecimento final. Porque as barreiras são feitas para serem ultrapassadas, por cima ou por baixo, e desta vez, quis passar bem por cima. Foram 4 anos marcantes na minha vida, onde conheci pessoas das mais variadas confissões, orientações políticas, com diferentes perspectivas sobre a vida... e aprendi a respeitar as suas opções e pensamentos. Porque hoje em dia, o respeito está em desuso, mas eu faço questão de o utilizar. Um grande obrigado a todos aqueles que conviveram comigo e que levaram consigo um pouco de mim. Eu também levei comigo algo que não é possível quantificar: a amizade.

Depois chegou o Verão. Tinha a perfeita noção de que muito provavelmente seriam as minhas últimas grandes férias. Decidi fazer parte da Comissão de Festas da Freguesia e Paróquia de Pêro Pinheiro, só naquela de 'vamos lá então saber como é a sensação de organizar uma festa... e de calar muita gentalha que por aí anda'. Vesti o fato de macaco, trabalhei durante 10 dias em prol da minha terra e não cobrei um centavo. Porque só assim fez sentido. A minha recompensa foram os momentos inacreditáveis que passei antes e durante a festa. Sobretudo porque arrastei comigo os meus melhores amigos. Queria lá saber das dores nas pernas, nas costas, do cansaço, do cheiro a sardinhas e a cerveja, das poucas horas de sono... no fundo, o que eu queria ver era a satisfação na cara das pessoas por Pêro Pinheiro ter tido uma festa a condizer com a sua reputação.
Também não me vou esquecer da missa que foi feita em honra dos recém-licenciados. Sobretudo pela minha Mãe e pelo meu padrinho (o meu irmão Luís). Pela primeira vez em 22 anos da minha vida, vi uma ponta de orgulho na minha família por algo que eu tivesse feito. Porque nesta altura da minha vida, eu já não sou o puto mais novo, inconsciente e com um ar semi-rebelde e ressabiado. Para alguns da 'família', continuo a ser esse menino. Mas eu não faço disso o meu cavalo de batalha. Segui em frente.
Obrigado Nuno e David, que estiveram ao meu lado naquele momento tão simbólico.

Os restantes meses de Verão foram passados nas festas e romarias regionais. Todas e mais algumas. Rever velhos amigos, por a conversa em dia e ver bons concertos. Obviamente que a parte das ginjas e da cerveja na mão não poderia ser esquecida...
Muitos dias de praia, no Algarve ou aqui na zona de Sintra/Mafra, descanso e lazer. Que mais pode um homem pedir?

Em Setembro, chegou talvez o momento mais importante da minha vida. A entrada no mercado de trabalho. Tudo o que fizeste lá atrás, esquece. Tens que mostrar serviço, empenho e vontade de aprender se quiseres ser recompensado. Passas a trabalhar com pessoas novas, com métodos de trabalho muito variados e com diferentes níveis de desempenho. Depois, tens dois tipos de pessoas com quem trabalhas: aquelas pessoas arrogantes e de nariz empinado, que não te explicam as coisas e que perdem tempo contigo. E tens as pessoas que investem tempo contigo, que se sentam ao teu lado e tiram as tuas dúvidas e que se preocupam com o teu trabalho.
Até ao momento, está a ser uma experiência exigente, mas tenho mais razões para acreditar no lado positivo do que no lado negativo.
Basta continuar a trabalhar e dar o melhor.

No fundo, 2012 foi um ano de grande aprendizagem e crescimento. Aprendi que não tenho tempo para dramas e para questões superficiais. Aprendi a preocupar-me mais comigo. Aprendi que crescer custa, e muito, mas vale a pena pela experiência. Aprendi a dar valor a quem me dá valor. Aprendi a responsabilizar-me pelas minhas palavras e actos. Aprendi que nos dias menos felizes, devemos sempre partir em busca do amanhã, porque esse será melhor. Aprendi a ouvir as pessoas.

Levo comigo tudo aquilo que me fez crescer, errar, sofrer e amar. 
2012 foi o ano da mudança. Porque a mudança é a coisa mais bonita da vida.
Felizmente, o Mundo não acabou. E a minha família continua a crescer, com mais e mais sobrinhos.

Um enorme obrigado também à pessoa que sempre esteve a meu lado, em todos os momentos. Não é fácil aturar este mau feitio... 

Feliz Natal e um Próspero 2013 para todos! Não será um ano fácil, mas vamos todos desligar a televisão e deixar de ler notícias sensacionalistas. Há que enfrentar a realidade e pensar nas soluções e não nos problemas. Pede-se coragem, tenacidade e saúde.

P.S: um agradecimento final para os leitores do Sweet Dreams. Este projecto arrancou em Fevereiro de 2012, num misto de incerteza e de ansiedade. Penso que o balanço é positivo, não só pelo feedback que me foi dado mas também pelo número de visitas ao blogue.
Continuem a acompanhar as publicações em 2013!

Boas leituras,
GC

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