segunda-feira, 11 de março de 2013

Pêro Pinheiro: 25 anos de Luta



Dois anos antes de eu nascer, a freguesia de Pêro Pinheiro já tinha sido constituída, fruto de uma grande ambição coletiva, que se traduziu numa luta suada, penosa, mas que no final teve o seu reconhecimento merecido.
Cresci nesta terra, onde fiz amigos para a vida, onde vivi grandes emoções e desilusões, onde sobretudo aprendi a respeitar os outros e a mim mesmo. No fundo, cresci com Pêro Pinheiro a meu lado e o meu sangue a esta terra pertence.

Naturalmente, a nossa freguesia sofreu grandes alterações nos 25 anos que se passaram entretanto desde a sua criação. Houve um grande investimento em infraestruturas básicas para a população, no sentido de garantir a utilidade pública e o apoio necessário às atividades económicas, sociais e culturais. Mas a nossa História não se resume a estes factos.
Pêro Pinheiro é a Capital do Mármore, sendo esta a sua principal marca de referência. A nossa identidade está espalhada pelas ruas de Lisboa, nos conventos e palácios de séculos passados, em lugares tão distantes como os Estados Unidos ou a Alemanha. Em cada bloco de pedra há uma história para contar, mas são as nossas pessoas que têm o dom de criar algo tão diferente e valorizado pelo país e mundo fora. O grande património da nossa freguesia não são esses blocos retirados das entranhas da terra nem as infraestruturas construídas: são as pessoas.

Como todos sabemos, Portugal atravessa uma grave situação económico-financeira, que gerou um impacto profundo na indústria da transformação dos mármores e granitos. Cada empresa que fecha representa uma farpa no coração de todos nós. O flagelo do desemprego e da discriminação social cresceu de forma galopante no nosso país, e a freguesia de Pêro Pinheiro não é exceção. Mas temos que ver para além dos problemas. A verdadeira solução para reverter as carências originadas pela crise está na união entre as pessoas e as coletividades da freguesia. Quer seja através do desporto, da música, da igreja, da solidariedade social, basta dar o primeiro passo para que muitos possam impulsionar as suas vidas.

O grande problema dos nossos fregueses ainda reside na inércia e na incapacidade de saírem da sua zona de conforto. Temos que pensar ‘out of the box’ (fora da caixinha), sair da nossa bolha e fazer algo de útil pela comunidade. Não devemos perguntar ‘o que Pêro Pinheiro pode fazer por nós’, mas sim, ‘o que nós podemos fazer por Pêro Pinheiro’. Nos meus 22 anos de vida, já representei duas coletividades da freguesia e participei noutras iniciativas locais. E ainda espero fazer mais e melhor. Posso dizer que acrescentei um grande valor à minha vida, pois conheci novas realidades dentro da minha própria freguesia, mas o mais importante foi ouvir as pessoas e as suas histórias. Aprendi sobretudo a respeitar os mais velhos e a valorizar o esforço individual de cada um.

Os jovens como eu devem perceber que há todo um mundo cá fora para ser descoberto, a começar pela nossa freguesia. A iniciativa não deve ser exclusivamente tomada pelos mais novos, mas também pelos pais ou encarregados de educação. As coletividades podem e devem captar este capital humano, para que a nossa Freguesia e vila se possa revitalizar. Só desta forma é que podemos criar relações sólidas e benéficas entre todos os intervenientes.

Ser jovem em Pêro Pinheiro é uma pequena batalha diária. As incertezas em relação ao futuro são muitas, sobretudo se estivermos a falar em perspetivas de emprego. Face à instabilidade sentida, a nossa Junta de Freguesia deve assumir um papel proactivo e tentar ajudar os mais novos a encontrarem um caminho certo, aproximando-os um pouco mais das suas expectativas e ambições. A chave para garantirmos a sustentabilidade económica e social da nossa freguesia está na formação (escolar, entenda-se) e na vontade de investir no nosso tecido empresarial. Aliando o capital humano à vontade e à irreverência, penso que os jovens de Pêro Pinheiro poderão fazer algo de significativo pela nossa Vila. Mas os jovens também não se podem esquecer que são parte integrante da solução, pelo que devem exercer de forma plena o seu direito de voto quando são chamados às urnas. O apelo à mudança deve ser feito com uma caneta e um boletim de voto e não com uma pedra de calçada na mão.

Hoje em dia, sinto um enorme orgulho por ser parte integrante da nossa Freguesia, pois levo comigo todas as pessoas e todos os lugares de Pêro Pinheiro. Quando me perguntam ‘de onde és?’, nunca respondo ‘Lisboa’ ou ‘Sintra’. Digo simplesmente ‘Pêro Pinheiro’. Não devemos sentir vergonha de o dizer, pois há 25 anos atrás houve um conjunto de pessoas que lutaram incessantemente para que a sua localidade aparecesse no Bilhete de Identidade, na carta de condução, nas certidões de nascimento dos seus filhos e netos, simplesmente como ‘Pêro Pinheiro’. A essas pessoas, devemos todo o legado que existe na nossa Freguesia. E como jovem, sinto o dever de respeitar esse legado e tenho a ambição de fazê-lo crescer.

Se valeu a pena termos chegado aqui? 'Tudo vale a pena quando a alma não é pequena'... e é nesta alma das pessoas de Pêro Pinheiro que está o segredo para a preservação do património edificado e imaterial. A nossa alma é também a força motriz para a construção de um futuro sustentável para todos os jovens e fregueses. Ainda há um longo caminho a percorrer, mas juntos seremos mais fortes. Que venham mais 25!

GC

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